Pedro Nuno Santos procurou estabelecer estas diferenças no discurso em nome do Governo, no parlamento, momentos antes da votação final global da proposta de Orçamento do Estado para 2023, num discurso em que na parte final atacou o PSD liderado por Luís Montenegro.
"Num país como Portugal, para nós, socialistas, são três os grandes desafios da nossa comunidade: Em primeiro lugar, como podemos produzir e trabalhar melhor, qualificando a economia e os trabalhadores; em segundo lugar, como podemos garantir sustentabilidade e futuro para a nossa comunidade e o nosso planeta, apostando nas energias renováveis e na mobilidade coletiva; em terceiro lugar, como podemos promover liberdade igual para todos, combatendo as desigualdades e injustiças de classe social e de território", começou por apontar.
Para o ministro das Infraestruturas, que em junho esteve envolvido numa crise dentro do executivo por causa da localização do novo aeroporto e que é conotado com a ala esquerda do PS, os desafios que um governo socialista identifica como prioritários não são os mesmos da direita, porque os do executivo do PS "resultam da prioridade que atribuída à ideia de comunidade".
"Da mesma forma, as nossas respostas aos desafios são necessariamente diferentes daquelas que a direita defende. Não se trata apenas de saber quem tem as respostas mais acertadas ou sobre quem as executa melhor, trata-se também de visões diferentes de sociedade, do papel de cada um na comunidade e da forma como nos relacionamos entre nós", sustentou.
Ora, de acordo com a lógica política dual preconizada por Pedro Nuno Santos, onde os socialistas veem "a necessidade de produzir e trabalhar melhor, capacitando a economia, promovendo a cooperação, e protegendo trabalhadores e empresas, a direita aposta na desregulação, na competição e na generalização da precariedade".
"Onde a direita acena com reduções de impostos cegas para quem mais pode e fica à espera que o investimento caia do céu, este Governo coopera, dialoga e responde às necessidades do tecido empresarial de forma a garantir as condições necessárias para o investimento, que vão muito além da mera fiscalidade. Onde nós temos como imperativo a sustentabilidade e promovemos respostas coletivas para garantir a transição energética e o reforço da mobilidade, a direita defende soluções assentes apenas no mercado; soluções individuais e fragmentadas, logo incompletas e ineficazes", advogou.
Neste contexto, o ministro das Infraestruturas pegou no exemplo da mobilidade, considerando que antes de se tratar ser sobre descarbonização é, sobretudo, "sobre como se dá liberdade às pessoas para viver uma vida mais confortável e mais saudável".
"É sobre como melhoramos a qualidade de vida nas nossas cidades, vilas e aldeias, ao mesmo tempo que reforçamos comunidades e aproximamos territórios. Onde nós igual liberdade para todos, e por isso impostos progressivos e serviços públicos universais, a direita promete revoluções fiscais que protegem alguns e desprotegem a maioria", assinalou.
No plano social, Pedro Nuno Santos, apontado como potencial candidato à sucessão de António Costa na liderança do PS, traçou igualmente uma linha de demarcação ao nível do Estado social.
"Onde nós defendemos igual liberdade para todos, e por isso impostos progressivos e serviços públicos universais, a direita promete revoluções fiscais que protegem alguns e desprotegem a maioria. É para garantir liberdade igual para todos e não só para alguns que aumentámos o abono de família, criámos a garantia para a infância, que fizemos sucessivos aumentos extraordinários de pensões, que investimos na criação de novas unidades de saúde e na redução dos custos de acesso ao SNS (Serviço Nacional de Saúde), que tornámos gratuitos os manuais escolares e reduzimos as propinas no ensino superior", declarou.
No seu discurso, Pedro Nuno Santos criticou diretamente o PSD liderado por Luís Montenegro, afirmando que, "no lugar das respostas, da estratégia e da visão para o país, apenas há taticismo, calculismo e urgência de poder".
Para o ministro das Infraestruturas, os sociais-democratas acusam "sistematicamente o Governo de estar cansado, quando é ao PSD, um partido com uma liderança recente, que não se conhece uma estratégia nem se reconhece uma visão para o país que ultrapasse a política de casos refém da espuma dos dias".
"É, por isso, que este PSD não é uma alternativa, porque a alternativa à resposta, estratégia e visão do Governo não são o vazio. São outras respostas, estratégias e visões que os partidos tenham capacidade de construir e coragem de assumir. É esta capacidade e é esta coragem que o PSD de hoje escolhe não ter", acrescentou.
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