No rescaldo da saída da secretária de Estado da Agricultura, Carla Alves, que apresentou a demissão do cargo 24 horas depois de ter sido empossada, na quarta-feira, o primeiro-ministro, António Costa, escusou-se a comentar o caso, evitando as perguntas dos jornalistas, esta sexta-feira.

"Não façam essa correria. Deixe estar. Está tudo bem”, respondeu, quando questionado se mantinha a confiança política na ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, à saída de uma sessão sobre o Plano de Recuperação e Resiliência, em Almada.

Visivelmente irritado perante a insistência dos jornalistas, Costa atirou: “Bom dia, bom ano, não vale a pena andarmos nesta correria”, disse, antes de se afastar.

O chefe do Governo aproveitou ainda para tirar uma selfie com um menino que o interpelou, ao jeito de Marcelo, seguindo, depois, viagem.

Também esta sexta-feira, o Ministério da Agricultura e da Alimentação assegurou, em comunicado, que Maria do Céu Antunes "não tinha conhecimento de qualquer envolvimento de Carla Alves em processos judiciais", na sequência de uma notícia avançada pelo jornal Público, que apontou que Carla Alves teria informado a responsável sobre o arresto de contas que pendia sobre si e o marido, antes de assumir o cargo.

Durante o debate da moção de censura apresentada pela Iniciativa Liberal, que decorreu na quinta-feira, António Costa chegou mesmo a defender a posição da (agora) ex-secretária de Estado da Agricultura, salientando que não demitiria “uma mulher porque o marido foi acusado”.

“Qual é o caso da ética? É ser casada com alguém que foi acusado?”, disse, na altura.

Recorde a 'nova polémica'

De notar que Carla Alves apresentou a demissão, “prontamente aceite”, na tarde de quinta-feira, por "entender não dispor de condições políticas e pessoais para iniciar funções no cargo". A (nova) polémica ‘estalou’ depois de o Correio da Manhã ter dado conta do arresto de contas conjuntas da ex-secretária de Estado com o marido e ex-autarca de Vinhais, Américo Pereira, já que terão declarado, em 2015, rendimentos de 135 mil euros. Contudo, nas suas contas entraram 338 mil euros. Em 2017, a história foi semelhante, já que declararam cerca de 61 mil euros mas, nas contas, foram depositados 107 mil.

No âmbito da investigação, as contas conjuntas do casal estarão arrestadas então desde março de 2022, pretendendo-se a devolução de um total de cerca de 700 mil euros ao Estado.

O Governo de António Costa acumula, assim, mais de uma dezena de demissões na atual legislatura, que dura há apenas nove meses.

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