Numa pergunta dirigida a Helena Carreiras, o BE escreve que "o Diário de Notícias relata hoje um conjunto de práticas violentas na recruta do Regimento de Apoio Militar de Emergência (RAME)".
"Uma das recrutas com uma das melhores notas nos testes de admissão (15,25) denunciou um conjunto de acontecimentos que não são condizentes com a recruta militar e que constituem ameaças à integridade física da própria e de outros recrutas", lê-se no texto.
Referindo-se à notícia do DN, os bloquistas salientam que "o esforço físico do processo de recruta levou-a à exaustão e à ansiedade, causando-lhe uma crise de taquicardia e a ida ao hospital".
"Aí foi-lhe prescrita uma baixa médica de três dias. No entanto, no segundo dia, alegadamente por ter limpado mal a arma, foi obrigada a rastejar pelo chão de terra à noite, por vários metros", descrevem.
O jornal, continuam, relata ainda que a recruta "foi atingida por uma pedra que terá vindo da direção onde se encontrava o sargento instrutor e que lhe acertou na cara, junto ao olho que ficou inchado" e que nessa noite a militar e outras duas recrutas "do sexo feminino receberam ordens para ir limpar a caserna masculina, sob a justificação de que "os rapazes não a limpavam em condições"".
É relatado que a jovem em causa terá sido "obrigada a beber água suja de lixívia e areia, para além de um vasto conjunto de castigos físicos que descreveu".
"No Hospital das Forças Armadas foi-lhe diagnosticada "rabdomiólise", uma doença que destrói as fibras musculares e pode ser causada por excesso de atividade muscular, normalmente associada à intensidade do esforço físico. Já após este diagnóstico foi forçada a um conjunto de práticas de exercício intensivo que relata como castigos vários, nomeadamente enquanto se encontrava com infeção covid-19. Terá ainda sido vítima de agressões por parte de outra recruta", é detalhado na pergunta.
Este tipo de "castigos físicos" terão ocorrido "no âmbito de uma praxe que na gíria denominam de "Formação Orientada de Desenvolvimento de Atitudes", salienta o BE.
Neste contexto, os bloquistas querem saber se o Ministério da Defesa tem conhecimento do caso, se "as entidades competentes estão a averiguar o sucedido" e "quais as conclusões".
"É prática admissível nas Forças Armadas castigos físicos que podem colocar em causa a sua integridade física?", questionam, querendo também saber se é igualmente admissível "sujeitar recrutas a exercícios físicos incompatíveis com os diagnósticos médicos e as baixas médias decretadas pelo Hospital das Forças Armadas".
O BE quer também saber se é prática "obrigar as recrutas do género feminino a limpar as casernas dos recrutas do género masculino", como é descrito na notícia em causa.
Em resposta divulgada ao Diário de Notícias, o Ministério da Defesa Nacional adiantou que "sobre um caso recentemente ocorrido entre soldados-graduados do sexo feminino em cursos de Formação Geral de Praças do Exército existem processos disciplinares que correm os seus termos, em consonância com o Regulamento de Disciplina Militar".
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