De 'autarca modelo' a suspeito de corrupção. Quem é Joaquim Morão?
O histórico do Partido Socialista está no centro de uma investigação sobre suspeitas de corrupção, que envolve Fernando Medina quando era presidente da Câmara de Lisboa. Joaquim Morão já veio afirmar que não praticou qualquer ato ilícito e manifestou-se "totalmente disponível para colaborar".
© Filipe Pinto/Global Imagens
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A nova polémica que envolve um membro do Governo traz um novo nome 'à baila': Joaquim Morão. Considerado uma referência do Partido Socialista (PS) está no centro de uma investigação sobre suspeitas de corrupção na Câmara Municipal de Lisboa, no tempo em que o atual ministro das Finanças, Fernando Medina, era o autarca.
O 'histórico' socialista afirmou, na quarta-feira, que não praticou qualquer ato ilícito no âmbito deste caso e manifestou-se “totalmente disponível para colaborar no esclarecimento de todos os factos", uma vez que está ciente de não ter praticado "qualquer dos factos ilícitos veiculados pela comunicação social".
"Aguardo com toda a tranquilidade o normal desenvolvimento de toda a investigação, ciente de que resultará demonstrada a minha total honestidade em todas as funções e atividades a que me tenho dedicado ao longo da vida", afirmou Morão.
As três décadas de vida política do 'autarca modelo'
Mas quem é Joaquim Morão? Conquistou o poder local em 1982 na liderança da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova e ali ficou durante 16 anos. Seguiu depois o mesmo caminho, por quatro mandatos, mas no município de Castelo Branco.
Nessa altura, assumiu funções como provedor da Santa Casa da Misericórdia de Idanha-a-Nova, onde permanece até hoje, após 30 anos.
O seu vasto currículo conta ainda com cargos como presidente da Caixa de Crédito Agrícola da Beira Baixa, vogal da direção da União das Misericórdias portuguesas e dirigente da Beira Lusa e a Adraces. É aqui, nestas associações de desenvolvimento local, que se cruza o seu caminho com António Realinho, outro visado desta investigação, que já foi condenado por burla e falsificação, em 2016.
Joaquim Morão foi também distinguido com a Ordem de Mérito pelo então Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.
Buscas à Câmara de Lisboa. Entenda-se o caso
Na quarta-feira, a TVI/CNN Portugal noticiou que a Polícia Judiciária tinha realizado buscas na Câmara de Lisboa no dia anterior por "suspeitas de corrupção, participação económica em negócio e falsificação" numa nomeação para "prestação de serviços que foi assinada em 2015" pelo então presidente da autarquia, Fernando Medina (PS).
Em causa está a contratação, entre 2015 e 2016, dos serviços de consultadoria do 'histórico' do PS, para apoio técnico na gestão de projetos e obras municipais.
Questionado sobre a matéria, esta quinta-feira, Fernando Medina afirmou não se arrepender da escolha, considerando que Joaquim Morão "desempenhou um bom trabalho na cidade de Lisboa, na coordenação daquela equipa" e que "só uma equipa muito profissional [como aquele] foi capaz de assegurar que as obras se realizassem com o menor transtorno possível".
"O contrato com Joaquim Morão foi por ajuste direto, não foi por concurso", disse ainda Medina, afirmando que a Câmara sabia quem estava a contratar, e manifestando "perplexidade" quando questionado sobre o facto de se falar em favorecimentos ao PS.
"O objeto do contrato está bem definido: acompanhamento do plano de investimentos municipais, assegurar que as obras aconteçam a tempo e horas e a tarefa foi bem cumprida", precisou o ministro.
Também a Procuradoria-Geral da República (PGR) adiantou à Lusa que o caso que levou à realização de buscas no departamento de Urbanismo da Câmara de Lisboa "não tem arguidos constituídos" e está sujeito a segredo de justiça.
Sacos azuis?
"O Ministério Público acredita que o objetivo do esquema visou a angariação de dinheiro em obras públicas, com subornos de empreiteiros, para o financiamento ilícito do PS, através dos chamados sacos azuis", ainda de acordo com a mesma estação de televisão.
As buscas envolveram, além da autarquia, empresas de dois empresários de Castelo Branco, suspeitos de participarem no esquema de angariação de fundos.
"Os alvos, por suspeitas de corrupção, são Joaquim Morão, histórico socialista e ex-autarca de Castelo Branco e de Idanha-a-Nova, e o seu amigo António Realinho, empresário da mesma zona do país, que até já cumpriu pena de prisão por burla", é referido.
Hoje de manhã, em declarações aos jornalistas à margem da inauguração do novo escritório de uma empresa em Lisboa, o atual presidente do município da capital, o social-democrata Carlos Moedas, disse que as buscas realizadas na terça-feira "se referem a mandatos anteriores", assegurando que a autarquia "vai colaborar obviamente com a justiça".
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