"Lutaremos para liderar a oposição em Portugal", afirmou o líder do Chega no seu discurso no arranque da V Convenção Nacional, que decorre até domingo em Santarém.
André Ventura, que é recandidato único à liderança do partido, afirmou que "há quem diga que é impossível quebrar o bipartidarismo, que é impossível quebrar o ciclo PS e PSD".
"Mas não estaríamos aqui se não acreditássemos que era possível", salientou.
Defendendo que o Chega "nasceu e tem uma vocação estrita para governar Portugal", Ventura disse não poder prometer vencer as próximas eleições legislativas, mas prometeu "lutar para lá chegar".
"Eu acredito que, se estamos nos 15% [das intenções de voto nas sondagens], podemos chegar aos 20% e talvez Deus e o destino nos deem a sorte e o trabalho de chegar aos 30% e de podermos dar uma volta a este país", acentuou.
Ventura destacou que em quatro anos de vida o partido chegou a terceira força política e que "nenhum partido cresceu tanto em tão pouco tempo", classificando o Chega como "um dos maiores fenómenos políticos da Europa moderna".
"Quando estamos quase, quase a ver a terra prometida, temos de continuar no caminho", desafiou, assegurando que irá lutar "para conseguir ultrapassar o PSD, liderar a oposição e governar Portugal".
Das eleições que se avizinham, o líder do Chega disse que nas eleições regionais na Madeira o objetivo é "fazer mossa e fazer tremer" o Governo regional, para "vencer e derrubar o compadrio" na região.
Já nas eleições europeias, em 2024, tal como assumiu em entrevista à Lusa, André Ventura quer que o Chega tenha "o melhor" resultado da sua história.
Quanto à Região Autónoma dos Açores, onde o Chega dá apoio parlamentar ao Governo PSD-CDS-PPM, André Ventura indicou que no futuro o "único acordo" que o partido tem de fazer é "com o povo português".
O presidente do Chega salientou também que o partido "rompeu pela primeira vez os conceitos antigos de esquerda e de direita nas lutas" de classes como as forças de segurança ou os professores e foi "a primeira direita que não teve medo de quebrar barreiras e defender a família" e a desbravar "caminho na luta contra a subsídio dependência".
Referindo que o Chega foi "repreendido por Santos Silva", presidente da Assembleia da República, e que isso "é uma medalha", criticou a "esquerda bafienta que há anos quer enclausurar e fechar" o partido e voltou a dizer que o presidente do Brasil, Lula da Silva, "é bandido".
No seu discurso, o presidente do Chega aproveitou também para voltar a criticar o PSD porque "mais uma vez não teve coragem" de avançar com uma comissão de inquérito sobre a alegada interferência do primeiro-ministro junto do governador Banco de Portugal.
E sobre a Jornada Mundial da Juventude, considerou que "não é justo para os contribuintes" o dinheiro do erário público investido no evento que vai trazer o Papa Francisco a Lisboa e classificou como "um escândalo" o valor do altar-palco.
A V Convenção Nacional do Chega decorre até domingo em Santarém para eleição do presidente e dos órgãos nacionais.
A reunião magna - a primeira desde que o Chega se tornou a terceira força política no parlamento, com a eleição de 12 deputados - foi marcada na sequência do chumbo dos estatutos pelo Tribunal Constitucional mas o partido decidiu não fazer mais alterações e voltar a adotar os estatutos originais, de 2019.
[Notícia atualizada às 06h45]
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