A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, afirmou, esta terça-feira, que Mariana Mortágua seria um “bom nome” para a substituir na liderança do partido. A bloquista, recorde-se, anunciou hoje que não se irá recandidatar ao cargo na Convenção Nacional do partido, que se realiza em maio.
“É seguramente um bom nome. No Bloco de Esquerda temos, felizmente, várias pessoas com preparação”, afirmou, após ter sido questionada sobre a possibilidade de Mariana Mortágua a substituir, numa entrevista ao Jornal da Noite, na RTP.
Apesar de não querer alongar-se sobre o tema, Catarina Martins descreveu Mortágua como “uma pessoa extraordinária”.
“Tem características que todos conhecem. Também digo que há no Bloco de Esquerda várias pessoas com características fundamentais para desempenhar estas funções”, ressalvou.
Catarina Martins negou que tenha decidido sair da liderança do partido devido aos resultados das últimas eleições legislativas, que foram os piores de sempre na história do Bloco de Esquerda. “O desaire eleitoral não foi decisivo”, sublinhou.
“A política é feita de vitórias e derrotas que devem ser assumidas. Eu estive dez anos de que gostei muito no Bloco, com os melhores resultados de sempre e também com um último resultado que não foi bom”, afirmou a bloquista.
Catarina Martins considerou que o resultado das eleições legislativas antecipadas de 2022, nas quais o Bloco de Esquerda perdeu 14 deputados (passando de 19 para 5 deputados na Assembleia da República), foi “um resultado que veio da coerência” porque, atualmente, as “pessoas compreendem que o Bloco de Esquerda não podia nunca aceitar uma chantagem do Partido Socialista”.
Sobre a sua saída, a bloquista reiterou que, após 10 anos na liderança, “é o momento” de “dar lugar a outras pessoas com outras energias”. “Vivemos em ciclos políticos diferentes e o ciclo político em que eu pude fazer essas funções é um ciclo político que chegou ao fim”, afirmou.
“Tenho uma enorme tranquilidade de saber que fiz o que sabia e que podia em cada um dos dias destes dez anos”, sublinhou.
Para o futuro, Catarina Martins garantiu que irá “continuar a servir as lutas que sempre” serviu, “mas de outra forma”.
Já sobre a permanência na Assembleia da República como deputada, a bloquista referiu: “Daqui até ao dia 28 de maio eu tenho mandatos que assumi e que vou cumprir por inteiro. Como coordenadora do Bloco de Esquerda, na bancada parlamentar, vou continuar em todas as lutas que o bloco precisar de mim”.
Recorde-se que a coordenadora do Bloco de Esquerda anunciou, esta terça-feira, que vai deixar a liderança do partido. Em conferência de imprensa, a responsável afirmou que não se irá recandidatar na próxima Convenção Nacional bloquista.
A partir da sede do BE, em Lisboa, Catarina Martins destacou as “vitórias e derrotas” e afirmou que “é o momento para que a coordenação do Bloco seja assumida por outra pessoa”.
Catarina Martins está à frente do partido desde novembro de 2012, na altura em parceria com João Semedo, quando foram eleitos coordenadores do Bloco de Esquerda, então numa inédita liderança "bicéfala", modelo abandonado dois anos depois, na Convenção Nacional seguinte, em 2014.
A próxima convenção do partido está agendada para os dias 27 e 28 de maio, em Lisboa.
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