Questionada pelos jornalistas no parlamento sobre a previsão de défice para 2025 feita pelo Banco de Portugal na passada sexta-feira, Mariana Mortágua respondeu que o "debate sobre as contas públicas em Portugal está completamente deturpado", responsabilizando os dois maiores partidos por essa situação.
Segundo Mortágua, o PS tenta "reivindicar um passado" de excedentes orçamentais que "condicionou o desenvolvimento dos serviços públicos", enquanto o executivo do PSD "fez um primeiro ano a achar que poderia haver eleições e a tomar decisões de curto prazo".
O Governo liderado por Luís Montenegro, acrescentou a bloquista, terá de conter no futuro as medidas implementadas este ano "porque quer obedecer a regras europeias que vão determinar a contenção de despesa no futuro".
"Tudo aquilo que nós estamos agora a discutir sobre o SNS, sobre a educação, sobre o futuro do país, fica em causa com essas regras e um contexto europeu em que a União Europeia está a entrar numa estagnação económica para não dizer recessão", afirmou.
Mariana Mortágua lamentou que, perante este cenário, o que "domina o debate" não seja o funcionamento da indústria, a transição climática ou a criação de empregos qualificados, mas sim as contas públicas.
A líder do BE disse que é a "obsessão" com as contas públicas que "tem feito com que a Europa e Portugal tenham arrastado os passos nos desenvolvimento económico" e dá origem à falta de investimento nos serviço públicos.
"Quanto a avisos, nós nos últimos dez anos ouvimos de tudo, todas as previsões possíveis e imaginárias e o que sabemos é que no final do ano, por norma, sobra sempre dinheiro face àquilo que tinha sido previsto e apresentado ao parlamento. Veremos se é diferente desta vez", concluiu.
Na sexta-feira, o Banco de Portugal estimou que o país vai regressar a uma situação deficitária em 2025, com um défice de 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB), o que contraria as projeções do Governo de um excedente orçamental.
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