Em declarações aos jornalistas após um encontro com a embaixadora da Alemanha em Lisboa, Rui Rocha, após ser questionado sobre a estimativa do Banco de Portugal que aponta para um défice de 0,1% em 2025, defendeu que o país, em vez de "discutir se vai ter um excedente de 0,2 ou um défice 0,1", deve perceber "as condições em que a economia portuguesa lá chega".
"Nós podemos ter até um excedente baseado em impostos altos, baseado em pouca liberdade económica, e isso é um excedente, mas não é um excedente saudável, nós precisamos de um excedente saudável que resulte de um crescimento económico a sério e essa é a batalha da Iniciativa Liberal", defendeu.
Rui Rocha aproveitou também para criticar o que considerou ser uma hipocrisia do PS, acusando os socialistas de "unidos ao Chega" trazerem "mais despesa para este orçamento e por isso condicionarem o país".
Sobre as previsões do Banco de Portugal, o líder da IL sublinhou que em causa estão "grandezas muito próximas" e disse não acreditar que o Governo, se vir o país "a caminhar e a escorregar para uma situação de défice, não lance medidas, como já foi feito no passado, para corrigir essas trajetórias".
O presidente dos liberais criticou também o governador do Banco de Portugal, afirmando que Mário Centeno "tem uma agenda" e que "nenhuma das afirmações que faz pode ser lida fora de um contexto político que é a sua intenção de candidatura à Presidência da República".
"Óbvio também que o país precisa de exigência, precisa de rigor nas contas públicas, mas eu queria mesmo focar a discussão não no que diz um e no que diz outro, queria focar a discussão nas condições da economia portuguesa", disse depois de ser questionado sobre as palavras do Presidente da República que afastou a preocupação com a possibilidade de haver défice em 2025.
Na sexta-feira, o Banco de Portugal estimou que o país vai regressar a uma situação deficitária em 2025, com um défice de 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB), o que contraria as projeções do Governo de um excedente orçamental.
O encontro dos liberais na embaixada alemã coincidiu com o dia de votação de uma moção de confiança ao Chanceler alemão Olaf Scholz, mas Rui Rocha garantiu que a conversa com a embaixadora não abordou a política nacional alemã tendo-se centrado em questões geopolíticas e crescimento económico.
Os recentes resultados negativos da economia alemã foram também abordados neste encontro, com Rui Rocha a indicar que dialogou sobre a presença de empresas alemãs em Portugal e que saiu do encontro "com alguma esperança de que essas condições económicas menos favoráveis na Alemanha não impactem demasiado em Portugal".
"Agora, a crise na Europa, a crise na Alemanha, nomeadamente no setor automóvel, vai seguramente pôr muitas dificuldades a outras empresas, nomeadamente portuguesas, que trabalham para a Alemanha, que trabalham para o setor automóvel europeu e esse é um desafio que vamos ter no país", considerou.
[Notícia atualizada às 12h44]
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