"Parece-nos que a obrigação do Estado é proporcionar a qualquer mulher grávida toda a tranquilidade que precisa para viver a sua gravidez e, portanto, um plano que assenta sobretudo numa linha telefónica em que é preciso ligar para perceber para onde é que se pode ir, isto não traz tranquilidade, pelo contrário, traz aqui alguma insegurança, alguma intranquilidade que não ajuda a um período que já por si às vezes é difícil. Este não pode ser o caminho", considerou a líder parlamentar do Livre.
Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, a deputada Isabel Mendes Lopes comentava o facto de as grávidas da Região de Lisboa e Vale do Tejo, incluindo o Hospital Distrital de Leiria, terem que ligar a partir de hoje para a Linha SNS Grávida antes de recorrerem à urgência hospitalar de Obstetrícia e Ginecologia.
Para o Livre, "o caminho tem de ser o reforço do Serviço Nacional de Saúde para garantir equipas de obstetrícia em todos os hospitais, garantir que a mulher grávida de facto pode escolher onde é que vai ter o seu filho e não viver na incerteza de onde é que o seu filho vai nascer".
Isabel Mendes Lopes criticou ainda o facto de esta experiência piloto - que segundo o Ministério da Saúde será reavaliado daqui a três meses - ter início na época festiva do Natal.
Interrogada sobre se receia que esta medida possa colocar em causa a vida de algumas mulheres grávidas no país, Isabel Mendes Lopes respondeu que "apesar de tudo" o Livre continua a confiar no SNS e nos seus profissionais.
"Mas a verdade é que o sistema não pode basear-se na confiança que nós temos, o sistema tem de ser robusto o suficiente e não podemos depender da boa vontade e do esforço que é constante e que é exigido dos profissionais de saúde", alertou, insistindo na necessidade de reforçar o SNS para que "o sistema não viva em esforço".
O projeto-piloto poderá abranger ainda outros hospitais de diferentes regiões que manifestem interesse em participar, desde que preencham determinados requisitos.
"As ULS que queiram aderir voluntariamente podem fazê-lo, o que já ocorreu com as de Gaia/Espinho [Hospital de Gaia], Alto Alentejo [Hospital de Portalegre] e Santo António [Centro Materno Infantil do Norte]. Ao final de três meses haverá lugar a uma avaliação do impacto, para que o plano possa ser estendido a todo o país", indica a tutela.
No comunicado, o Ministério da Saúde refere ainda que, a partir de janeiro, as ULS da Península de Setúbal (Almada-Seixal, Arco Ribeirinho e Setúbal) vão também aderir.
O restante calendário ainda está a ser definido e será "oportunamente divulgado", segundo fonte da tutela.
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