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"Realista" e "equilibrada". Que dizem partidos da entrevista de Marcelo?

O Presidente da República deu uma entrevista à RTP e ao jornal Público. Da Esquerda à Direita, as reações não se fizeram esperar.

"Realista" e "equilibrada". Que dizem partidos da entrevista de Marcelo?

Marcelo Rebelo de Sousa deu uma entrevista à RTP e ao jornal Público, na noite de quinta-feira, no dia em que cumpriu sete anos na Presidência, onde fez críticas ao Governo de António Costa - que considerou tratar-se de "uma maioria requentada e cansada, que ao fim de um ano está esgotada".

Em jeito de análise sobre os primeiros meses de legislatura, o chefe de Estado apontou que, "até setembro, houve realmente um tempo perdido, que, depois, se prolongou com vicissitudes", afirmou Marcelo, lembrando as várias polémicas que afetaram já o atual Executivo.

Quanto ao pacote 'Mais Habitação, apresentado pelo Executivo socialista para fazer face à atual crise no setor, Marcelo Rebelo de Sousa frisou que "é de louvar, ao fim de sete anos de Governo, ter sido apresentado um pacote desta dimensão, para recuperar os sete anos anteriores". 

Pouco demorou até que várias figuras da Esquerda à Direita fizessem ouvir as suas reações às palavras do chefe de Estado.

PSD fala numa entrevista "realista"

Um dos primeiros a pronunciar-se sobre as palavras do Presidente da República foi Paulo Rangel, vice-presidente do PSD, que considerou ter sido uma entrevista "muito realista". "Mostrou, como ele disse, que estamos perante uma maioria requentada e cansada, que ao fim de um ano está esgotada", referiu o social-democrata.

Em declarações aos jornalistas, na Madeira, o responsável apontou que esta era uma crítica "fortíssima" ao Governo. "E da qual, naturalmente, o primeiro-ministro tem de tirar consequências", atirou.

Já questionado sobre Marcelo ter dito que não prescindia do "poder de dissolver" a Assembleia da República, Paulo Rangel foi assertivo: "O PSD está sempre preparado, mas não há dúvidas de que, se esse momento chegar, naturalmente, o PSD estará ainda mais preparado do que está hoje".

De lembrar que, na mesma linha, Luís Montenegro, líder do PSD, considerou, esta quinta-feira que o partido "está cada vez mais a posicionar-se como a alternativa de confiança para dar um Governo novo a Portugal". No seguimento do 1.º Encontro Interparlamentar da Madeira que decorreu no Funchal, o social-democrata argumentou que o PSD "demonstrou que, ao contrário do Governo da República, funciona de forma coesa, estruturada e coordenada".

No Encontro Interparlamentar da Madeira, o @ppdpsd demonstrou que, ao contrário do Governo da República, funciona de forma coesa, estruturada e coordenada. Somos o Partido que está cada vez mais a posicionar-se como a alternativa de confiança para dar um Governo novo a Portugal. pic.twitter.com/0PMF06XXco

— Luís Montenegro (@LMontenegroPSD) March 9, 2023

PS prefere falar em "exigência" e afasta "crítica"

Pela voz do PS, a reação coube ao dirigente socialista Porfírio Silva. "Estarmos muitos anos no Governo cria novos desafios", referiu, sublinhando que, historicamente, não era uma situação muito "normal".

"Mas isso significa que os portugueses depois de terem tido muitos anos para avaliar em concreto aquilo que o Governo tinha feito, deram a resposta: 'O que queremos é que esta governação continue'", atirou, em declarações aos jornalistas, no Parlamento, em Lisboa, considerando que as palavras de Marcelo dizem mais respeito a uma "exigência" do que a uma "crítica"

Durante a sua intervenção, Porfírio Silva disse ainda que a análise feita por Marcelo foi "equilibrada". "Esperamos que possamos continuar a dar uma resposta a esta avaliação. Vamos continuar a encher o copo, vamos fazer mais para que haja mais água para mais portugueses nestas circunstâncias", vincou.

O socialista fez ainda questão de vincar o contexto atual "desafiante", lembrando a questão da guerra na Ucrânia ou da subida da inflação. "Não é uma situação fácil. Aliás, este Governo nunca teve anos fáceis desde que o primeiro-ministro António Costa entrou em funções", defendeu.

BE acusa decisões por explicar sobre a TAP

Quem também reagiu às palavras do chefe de Estado - especialmente no que toca ao 'dossier' da TAP - foi o líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares. O bloquista considerou que "há decisões políticas por explicar também de Fernando Medina" e há "consequências a retirar e uma comissão de inquérito que está a começar agora".

Em declarações aos jornalistas, no Parlamento, Filipe Soares deixou um aviso: "Tentar matar a comissão de inquérito é a tentativa do Governo, que aparenta ter medo dela, esperemos que não seja a posição do Presidente da República também."

PCP. Marcelo teve papel na criação da maioria absoluta

Na intervenção do PCP, proferida pela deputada Alma Rivera, os comunistas subiram o tom das críticas, acusando Marcelo Rebelo de Sousa de ter tido um papel na criação da atual maioria absoluta do PS. 

Para o PCP, o Presidente da República "fala como se não tivesse alinhado com o PS na sua estratégia para obter maioria absoluta".

IL diz que chefe de Estado "põe o Governo a prazo"

Também Rui Rocha se pronunciou, na Assembleia da República, sobre a entrevista ao chefe de Estado e, na sua intervenção, o líder da Iniciativa Liberal considerou que as críticas de Marcelo Rebelo de Sousa "põe o Governo a prazo".

"Aqui, a única divergência é que consideramos que este Governo já não é de todo recuperável", disse o líder liberal, voltando a apostar numa futura moção de censura ao Governo socialista.

Leia Também: Do Governo "cansado" à "desilusão" sobre abusos. A entrevista de Marcelo

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