"A primeira das constatações mais óbvias é que o Governo tinha uma margem financeira, uma almofada financeira que não usou em devido tempo. Tinha, não quis usar e por isso a situação a que nós chegamos agora é responsabilidade do Governo. O Governo andou a brincar, anda a brincar com o desespero das famílias", acusou o líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, numa primeira reação às medidas de apoio anunciadas pelo Governo.
Segundo o bloquista, o executivo "deixou passar tempo que é precioso para responder à dificuldade das famílias com uma almofada financeira que não usou", considerando que "foi uma escolha do Governo".
"É um conjunto de medidas que são insuficientes e que estão bem longe sequer de retornar à economia, às famílias o que leva porque devolve hoje menos do que a almofada financeira que tem ao seu dispor", acusou.
Pedro Filipe Soares referiu ainda que "entre as pessoas com maior carência económica estão três milhões de pessoas" e que "este número é a dimensão da falência das medidas do Governo, deixando claro que "ter deixado passar tempo é uma irresponsabilidade".
"O Governo também prova não ter a coragem para fazer a diferença. Se devolve muito menos do que a almofada financeira que tem, na prática também não vai a fundo para controlar preços", condenou.
A este propósito, o líder parlamentar referiu que o ministro da Economia e o próprio primeiro-ministro reconheceram que "baixar o IVA sem controlar preços poderia não ter nenhum impacto no resultado no preço de bens alimentares".
"O BE apresentou uma interpelação ao Governo para garantir que na próxima quarta-feira temos cá o ministro da economia para responder sobre estas matérias porque não controlar preços é garantir que os abusos continuam a existir", anunciou.
O Governo vai reduzir o IVA dos bens alimentares essenciais, disse hoje o ministro das Finanças, Fernando Medina, colocando a taxa em zero no cabaz de bens essenciais.
Foi igualmente anunciado que os funcionários públicos vão ter um novo aumento salarial de 1% este ano e uma subida no subsídio de alimentação.
Leia Também: "Quando os supermercados especulam, há pessoas que ficam sem jantar"