"Dignidade do Estado vai-se esboroando". CEO da TAP falou e há reações

Audição de Christine Ourmières-Widener ainda deverá fazer correr muita tinta, mas as reações não tardaram em chegar. Eis o que já foi dito.

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Carmen Guilherme com Lusa
05/04/2023 09:09 ‧ 05/04/2023 por Carmen Guilherme com Lusa

Política

TAP

A audição de Christine Ourmières-Widener na comissão parlamentar de inquérito à tutela política da gestão da TAP ficou marcada por uma série de revelações, que rapidamente geraram reações por parte de várias figuras políticas. 

Uma das reações mais imediatas surgiu quando a CEO da TAP ainda falava. Em declarações aos jornalistas, o líder da Iniciativa Liberal, Rui Rocha,  pediu a demissão do ministro João Galamba e desafiou o líder parlamentar do PS e o primeiro-ministro a pronunciarem-se sobre uma reunião entre deputados socialistas, assessores governamentais e Christine Ourmières-Widener em janeiro.

O líder da Iniciativa Liberal argumentou que, com a informação já obtida nesta comissão, concluiu que "há um conjunto de factos muito relevantes e com gravidade" que justificam estas tomadas de posição do partido.

A mesma reunião também mereceu críticas por parte da porta-voz do PAN que, no Twitter, se pronunciou sobre o assunto. "Como descredibilizar os trabalhos da Assembleia da República ou o que não deve acontecer numa comissão parlamentar de inquérito... Um dos seus membros, o deputado Carlos Pereira do PS, reunir previamente com alguém que vai ser ouvido, no caso a CEO da TAP!", criticou Inês Sousa Real.

Também no Twitter, o antigo ministro da Saúde Adalberto Campos Fernandes considerou que a audição mostra a "rampa deslizante" em que a "dignidade do Estado se vai esboroando". 

"A audição da CEO da TAP transformou-se numa penosa demonstração da rampa deslizante em que a dignidade do Estado se vai esboroando…", apontou o ex-governante.

O antigo ministro Miguel Poiares Maduro recorreu à mesma rede social para comentar a audição, referindo-se a uma demonstração da "diferença entre o normal funcionamento" das instituições e "um regular funcionamento" das mesmas.

"Estas audições da TAP estão a mostrar a diferença entre o normal funcionamento das (nossas) instituições e um regular funcionamento das instituições…", escreveu.

Atento estava também o ex-deputado Duarte Marques. "O deputado do PS Carlos Pereira deve estar quase a responsabilizar Passos Coelho pelos erros na TAP", ironizou o social-democrata num 'tweet', acrescentando ainda: "Falta conhecer a reação do Presidente Marcelo".

De realçar que, na comissão de inquérito, o deputado da Iniciativa Liberal Bernando Blanco revelou um e-mail do ex-secretário de Estado das Infraestruturas para a CEO da TAP, no qual era feito um pedido para alterar um voo de Marcelo Rebelo de Sousa.

Por sua vez, em declarações na CNN Portugal, o comunista Bernardino Soares considerou que a "sucessão de revelações" que foram sendo feitas refletem "uma falta de respeito institucional por uma empresa muito importante".

"Acho que todos nós ficamos estupefactos a ver esta sucessão de revelações. E ainda a procissão vai no adro", disse o ex-autarca de Loures.

Recorde-se que a ainda presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, foi a terceira personalidade de uma lista de cerca de 60 a ser ouvida nesta comissão parlamentar de inquérito, que foi constituída por iniciativa do Bloco de Esquerda. Numa longa audição, na qual se emocionou, a gestora disse ser um "mero bode expiatório". Já sobre a sua demissão, afirmou que foi afastada por justa causa "por evitar ceder às pressões" para se demitir, tendo tido conhecimento do seu afastamento pela televisão.

O Governo anunciou, em 06 de março, que a Inspeção-Geral de Finanças (IGF) tinha concluído que o acordo celebrado para a saída antecipada de Alexandra Reis da TAP era nulo e que ia pedir a restituição dos valores.

Os ministros das Finanças e das Infraestruturas anunciaram também a exoneração com justa causa da presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, e do presidente do Conselho de Administração, Manuel Beja.

A verificação pela IGF da legalidade da indemnização paga a Alexandra Reis foi determinada em 27 de dezembro do ano passado pelo ministro das Finanças, Fernando Medina, e pelo então ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos.

Em dezembro, Alexandra Reis tomou posse como secretária de Estado do Tesouro, tendo então estalado a polémica sobre a indemnização que recebeu quando saiu da companhia aérea detida pelo Estado, levando a uma remodelação no Governo, incluindo a saída de Pedro Nuno Santos, que foi substituído por João Galamba.

Alexandra Reis é ouvida na comissão de inquérito esta quarta-feira.

Leia Também: Do "bode expiatório" à demissão, as explicações da CEO da TAP em 5 pontos

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