A separação entre José Sócrates e o Partido Socialista (PS) continua a motivar sentimentos de ressentimento por parte do antigo primeiro-ministro e líder do PS, mas o atual secretário-geral diz ter "pena" da situação, apesar de a compreender.
Numa entrevista à CNN Portugal a propósito dos 50 anos do PS, que se comemoram na quarta-feira numa festa em Lisboa, António Costa lamentou a rutura envolvendo Sócrates e, acima de tudo, confessou ter "pena" sobre a falta de entendimento.
"Eu percebo que ele não compreenda que o PS e eu próprio tenhamos tido de fazer uma separação entre aquilo que era a solidariedade pessoal e o que era a questão política. E eu respeito essa decisão", disse Costa.
O primeiro-ministro - e secretário-geral do PS há nove anos -, acrescentou que a situação atual com José Sócrates (que saiu do partido após a acusação e detenção no âmbito da Operação Marquês) é uma história "horrível".
"É horrível nunca mais chegar a um apuramento final da verdade através de um julgamento a que toda a gente tem direito e que deve ser realizado. Seja qual seja a decisão, deve ser respeitada. Também tenho pena que ele não tenha compreendido a necessidade de haver uma separação clara entre o que era a atividade política e a questão pessoal dele. Mas isso há que respeitar", afirmou o primeiro-ministro.
Futura candidatura a Belém? "Nunca, nunca"
Costa respondeu candidamente a uma série de assuntos, nomeadamente sobre o caso envolvendo Paulo Pedroso, em 2003, e sobre o seu futuro político, especialmente no panorama europeu.
"Uma coisa que já disse é que obviamente até ao final desta legislatura não tenho disponibilidade para qualquer função europeia", repetiu, até porque "há uma outra razão fundamental, que é para cumprir comigo próprio". "Os calendários políticos foram como foram e, portanto, eu assumi um compromisso com o país até outubro de 2026", vincou.
De fora fica mesmo uma candidatura a Belém, ao contrário do que fizeram alguns dos seus antecessores, como Mário Soares e Cavaco Silva. "Nunca, nunca", rematou.
O jantar de comemoração dos 50 anos do Partido Socialista está marcado para quarta-feira, no Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa. Foram convidados os antigos líderes do partido, mas Sócrates não estará presente (por não ter sido convidado, já que desfiliou-se em 2008) e António José Seguro optou por não aceitar a proposta.
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