O primeiro-ministro, António Costa, afirmou, este domingo, que “respeitar a vontade” dos eleitores continua a ser “um princípio fundamental da democracia” e defendeu que uma democracia "tem o dever de honrar os mandatos".
“Hoje, continua a ser um princípio fundamental da democracia respeitar a vontade popular. E o que disseram os portugueses nas últimas eleições legislativas?”, questionou no seu discurso nas comemorações do 50.º aniversário do PS, no Porto.
Para António Costa, ficou claro que os portugueses deixaram uma “mensagem simples”: querem uma “estabilidade política” e das “políticas” para o “progresso” do país.
“Esse foi o mandato que com orgulho recebemos das portuguesas e dos portugueses. E em democracia temos o dever de honrar os nossos mandatos e de cumprir os nossos compromissos para com os cidadãos”, sublinhou.
“Quando não honramos os nossos mandatos e compromissos, enfraquecemos a democracia. Quando se põe em causa os mandatos conferidos pelo povo, está a pôr-se em causa a democracia”, acrescentou, referindo que “quem quer uma democracia forte, respeita os mandatos, e quem tem os mandatos honra os compromissos”.
António Costa afirmou ainda que o governo “não tem como agenda as polémicas mediáticas”, mas sim “do dia-a-dia dos portugueses” e do seu “compromisso eleitoral com os portugueses e portuguesas”.
"Quero ser muito claro, a nossa agenda e os nossos compromissos são os que constam no programa eleitoral. Não é arrogâncias, é humildade de quem percorreu o com o país a pedir o voto", disse, advertindo que a agenda socialista "não é a agenda da polémicas mediáticas".
Noutra parte do seu discurso, no Pavilhão Rosa Mota, António Costa reforçou a ideia da necessidade de estabilidade, considerando que é o foco do Governo em manter o mandato até ao fim que está a incomodar a direita.
"Eu acho que é mesmo por isso que eles têm bastante pressa de se verem livres de nós. Eles tentam tudo. Já tentaram ver-se livres de nós com o diabo, agora até se tentam ver livres de nós com o [partido] Chega, mas não chegam para nós e nós chegaremos para eles, porque connosco eles não passam", avisou António Costa, aplaudido de pé.
Refutando as críticas dos que dizem que o Plano de Recuperação e Resiliência não está a ser cumprido, António Costa pediu à direita para não se iludir, lembrando que o PRR é para ser executado em quatro anos.
"E que não se iluda a direita. Nós sabemos bem que Roma e Pavia não se faz num dia e que o PRR é para ser executado em quatro anos, não se executa num ano. Mas cá estaremos os quatro anos para executar até ao último cêntimo o PRR e liderar a maior oportunidade de transformação estrutural da economia portuguesa que temos tido nos últimos anos", declarou António Costa.
O secretário-geral do PS e primeiro-ministro de Portugal foi recebido de pé por milhares de militantes que gritaram a palavra de ordem "PS/PS" e agitavam bandeiras de Portugal, do Partido Socialista e de vários municípios portugueses.
Sublinhe-se que a dissolução da Assembleia da República, devido às constantes polémicas do Governo de António Costa, tem sido discutida. Na semana passada, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu que tal "seria uma má notícia", mas sublinhou que "às vezes tem de haver más notícias".
O chefe de Estado considerou, contudo, ser importante não introduzir fatores de instabilidade, imprevisibilidade e insegurança, sobretudo numa altura em que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) está em curso e o Portugal 2030 está em fase de arranque.
Nesse sentido, apelou aos responsáveis políticos "de todos os lados" para fazerem "tudo o que puderem" no sentido de garantir estabilidade no país."
[Notícia atualizada às 20h50]
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