"Governo está preocupado com sondagens e cenário de eleições antecipadas"

Luís Marques Mendes diz mesmo que, se isso acontecer, Montenegro voltará a enfrentar António Costa nas urnas. "Se as eleições forem no prazo normal, vai sair pelo seu pé", avisa.

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Tomásia Sousa
23/04/2023 22:07 ‧ 23/04/2023 por Tomásia Sousa

Política

Marques Mendes

Luís Marques Mendes debruçou-se, este domingo, sobre o anúncio de um aumento intercalar de pensões, que resultou com que o Governo recuperasse a base de cálculo das pensões, concluindo, por isso, que o Executivo "está preocupado" com as sondagens e com um possível "cenário de eleições antecipadas". 

O conselheiro de Estado defendeu mesmo que, se isso acontecer, é ainda António Costa quem irá a votos pelo Partido Socialista (PS).

No seu espaço habitual de comentário aos domingos na SIC, Marques Mendes comentava o aumento intercalar das pensões de 3,57% já a partir de julho, notando que "é uma medida inteiramente justa", por causa da inflação e do custo de vida, e que se "repõe a lei" quanto ao cálculo das pensões.

O comentador explicou que os aumentos entre 2022 e 2023 eram de cerca de 10,5%. "Agora, com este aumento, os aumentos que os pensionistas têm nestes dois anos é sensivelmente de 12,7% - ainda ligeiramente abaixo da inflação, mas é muitíssimo melhor", classificou.

É uma medida justa, uma medida necessária. Podia ter sido mais cedo, mas veio ainda em boa hora"

"Além disso, permite que os pensionistas tenham um aumento significativo no ano de 2024, repõe-se a lei", sublinhou o comentador da SIC.

O antigo líder do PSD deu o exemplo de uma pensão de 400 euros em 2021. Essa pensão passou, em janeiro deste ano, para 430 euros e passará em julho para 444. Em janeiro de 2024, "de acordo com os critérios que estão na lei", vai ter um novo aumento, passando para 472 euros.

Já uma pensão de 500 euros em 2021 passou este ano para 535 e passará em junho deste ano para 553. Neste caso, em 2024, passará para cerca de 587 euros. 

"Que o Governo mudou de posição, mudou. Quanto a isso não há discussão possível", sublinhou Marques Mendes. "O Governo tinha dito no ano passado que, para 2024, se iria saber mais tarde qual era a forma e até evocou que era um problema por causa da sustentabilidade da Segurança Social."

Ora, segundo o Governo, a primeira razão para essa mudança de posição é uma razão económica, tendo em conta que as contribuições para a Segurança Social têm vindo a aumentar de forma substancial.

As explicações verdadeiras não são essas. As explicações verdadeiras para o Governo ter mudado de opinião são de natureza política", sustentou. "O Governo está preocupado com a queda nas sondagens e com a hipótese de eleições antecipadas

"Amanhã mesmo vai sair uma nova sondagem na TSF/DN/JN em que o PSD está ligeiramente à frente do PS, pela primeira vez nestes últimos anos. São três décimas de diferença, mas está à frente", anunciou Marques Mendes.

Assim sendo, na ótica do antigo líder do PSD, o Executivo quer "segurar" eleitoralmente os seus dois maiores grupos de apoiantes: os funcionários públicos e os pensionistas.

"Acho que já se percebeu que o Governo vai lançar mão de todas as folgas financeiras que existem no Estado possíveis e imaginárias para não perder o poder. Isto é um aviso que fica para a oposição", sustenta.

Segundo o comentador da SIC, o outro aviso à oposição é que, se houver eleições antecipadas, o adversário de Luís Montenegro não será Pedro Nuno Santos, Fernando Medina ou Mariana Vieira da Silva. "António Costa, se as eleições forem no prazo normal, vai sair pelo seu pé. Mas se for em 2024 ou 2025, com uma dissolução, ele vai a votos. É bom que todos percebam as regras do jogo", arrematou.

Leia Também: Dissolução do Parlamento? "Portugueses não estão nem aí"

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