Na sua intervenção na sessão solene do 25 de Abril, na Assembleia da República, a líder do PAN assinalou o centenário de Natália Correia e recorreu a um poema da sua autoria para afirmar que, "volvidos 49 anos de democracia, Portugal é ainda um país com subalimentados do sonho".
"A pandemia e a guerra empurraram ainda mais pessoas para a vulnerabilidade e para um custo de vista incomportável e em que as famílias continuam a não conseguir quebrar o ciclo da pobreza, a passar frio nas suas próprias casas, em que falhámos no objetivo de erradicar as barracas, ou continuamos a não ter um parque habitacional condigno e público, continuamos a ter subalimentados do sonho", afirmou.
"Estamos subalimentados das liberdades que abril almejou", considerou Inês de Sousa Real, salientando que "as aspirações e a vontade de mudança de paradigma são claras e o rumo democrático que a maioria desta casa parlamentar pretende definir é também ele bem claro".
A deputada pediu aos deputados que sejam "impacientes na revolução e nas liberdades que estão por cumprir".
"Se há razão por que celebramos esta madrugada aqui e por esse mundo fora, é esta ânsia, esta fome impaciente pelo sonho e pela força da mudança tornados realidade, tornados Abril", defendeu a líder do PAN.
Inês de Sousa Real considerou que Portugal "vive obcecado com o défice, mesmo que tal seja à conta da asfixia das famílias, que não investe na saúde ou nos demais serviços públicos essenciais" e lamentou que os "pensionistas e reformados recebem pensões de valores que os obriga a optar entre comer ou pagar a medicação".
"Num país com facilidade dá salários e indemnizações milionárias para os cargos de topo, mas em que os recém-licenciados têm de passar todas as provas e provações para conseguir um mísero salário de mil euros, quase sempre sem vínculo efetivo ou sem poderem sonhar ter casa própria, continuamos a ter subalimentados do sonho", criticou.
A deputada única do PAN afirmou também que "o direito à infância continua a ser negado a crianças e jovens marcados pelo flagelo do abuso físico ou da violência doméstica", existem "números avassaladores de violência doméstica e de género", e continua a luta "pela erradicação das múltiplas formas de discriminação".
Quando "o ódio continua a falar mais alto, mesmo nesta casa da democracia, do que a tolerância e o respeito, e não se apresenta como solução alternativa, continuamos a ter subalimentados do sonho", disse.
A deputada única do Pessoas-Animais-Natureza lamentou ainda que, "mesmo numa crise de inflação", se arranje "sempre dinheiro público para financiar as touradas, nem que ao PRR tenha de recorrer se for preciso" mas "não há dinheiro para apoiar socialmente as famílias que detêm animais de companhia e para a proteção animal".
"No limiar dos 50 anos de Abril, o que falta para uma verdadeira revolução social e ambiental não é um revisionismo histórico de um modelo e de uma governança que todos conhecemos e Abril derrubou, muito pelo contrário. Precisamos de um modelo de desenvolvimento que respeite o bem-estar a e a felicidade de todas as pessoas e promova a transição ambiental que o desafio climático exige", defendeu a deputada única do PAN.
No arranque da sua intervenção, Inês de Sousa Real solidarizou-se ainda com as intervenções do presidente da Assembleia da República, que repreendeu o Chega pelo protesto durante a intervenção do Presidente do Brasil na cerimónia de boas-vindas.
"Partilhamos do mesmo embaraço perante o desrespeito que aqui foi demonstrado por alguns pelo nosso povo irmão, o povo brasileiro, aqui representado pelo seu Presidente", afirmou.
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