O líder do PSD, Luís Montenegro, afirmou, esta quarta-feira, que existem “duas palavras que resumem aquilo que é hoje Portugal: empobrecimento e apodrecimento” e acusou o Partido Socialista de levar o país para “cauda da Europa”.
“Há duas palavras que resumem aquilo que é hoje Portugal: empobrecimento e apodrecimento. Empobrecimento do país, apodrecimento do Governo”, afirmou num discurso no Conselho Nacional do PSD.
Segundo o social-democrata, o empobrecimento do país é “expresso em muitas dimensões”, entre as quais a económica. “Estamos a perder e a caminhar paulatina, mas consistentemente pela mão dos socialistas para a cauda da Europa”, acusou.
Portugal é “cada vez mais um país pontuado por salários baixos” e palco de uma “realidade que diz tudo do estado de evolução da nossa sociedade”, onde “gente que trabalha aufere menos rendimento do que gente que não trabalha”.
Referindo-se às “pessoas que não saem da situação cíclica de incapacidade de poder colocar a sua força do trabalho ao serviço de uma tarefa”, Montenegro acusou os socialistas de “erradamente alimentar essas franjas da população com subsídios que vão eternizá-las nessa condição, em vez de as fazer evoluir para uma condição mais favorável”.
Montenegro destacou ainda o “Serviço Nacional de Saúde enfraquecido”, que tem “menos capacidade de resposta” quando “gasta quase o dobro” do que gastava no governo social-democrata. “Temos cada vez mais portugueses sem médico de família, temos cada vez mais portugueses que, quando precisam de uma resposta rápida e urgente, ficam à porta das Urgências”, lamentou.
Sobre a Educação e a greve dos professores, o social-democrata lembrou que há “alunos que ainda não recuperaram da Covid” e que acumulam “défice de aprendizagem” devido à “conflitualidade” nas escolas.
Na Habitação, registam-se “dificuldades acrescidas” pela falta de oferta no setor público e no setor privado. “O Governo encetou uma manobra de propaganda política que, basicamente, saiu toda ao lado daquilo que eram as necessidades e capacidade de execução do próprio plano”, disse o líder da oposição, referindo-se ao Programa Mais Habitação.
Montenegro fez ainda questão de destacar sobre os “setores menos falados, como a Cultura e o Desporto, que são importantes para a saúde física e mental e para o crescimento formativo dos cidadãos, e que estão ao abandono”.
Voltando à Economia, o social-democrata afirmou que o país tem “uma classe média asfixiada em impostos”, com dificuldade em pagar as contas e a renda das habitações, “apesar de terem um rendimento aparentemente médio”. “Pessoas que pagam impostos máximos e recebem do Estado serviços mínimos”, atirou.
Os pensionistas e reformados fazem parte de uma “franja que tem sido maltratada, utilizada e instrumentalizada” pelo Governo. “Num primeiro momento sofreram um corte de mil milhões de euros (...), três ou quatro meses depois [o Governo] inverteu a decisão como se nada se passasse”, criticou, falando sobre o aumento intercalar das pensões.
“É este país mais pobre que prejudica a vida das pessoas em cada dia, cada semana, cada mês, que é o resultado de quase oito anos de governação do Partido Socialista e de António Costa”, afirmou.
Portugal é agora um país também mais “podre” pelos “casos e casinhos e casões o Governo”, pela “falência de alguns serviços públicos essenciais”, nomeadamente a Justiça que vai ser “incapaz de julgar quem casou tanto clamor social e público pela prática de crimes graves no exercício das mais altas funções do Estado”. Em causa está o ex-primeiro-ministro socialista, José Sócrates, que poderá não ser julgado devido ao prazo de prescrição dos crimes de que está acusado.
“Isto revela o apodrecimento da governação socialista que não muda nada, não consegue responder àquilo que é mais importante”, acusou.
De forma irónica, Montenegro quis ainda “tirar o chapéu” ao Governo pelos “recordes batidos ano após ano” na cobrança de impostos, tema em que “António Costa é de facto muito eficiente”. “Todos os anos ele consegue cobrar mais impostos do que aqueles muitos que já cobrou no ano anterior”, disse.
O social-democrata voltou a tecer críticas ao “silêncio” do primeiro-ministro em relação à comissão parlamentar de inquérito à gestão da TAP, “como se já não houvesse grandes responsabilidades que ele próprio tem de comentar e responder quando membros do Governo dizem uma coisa e o seu contrário no espaço de horas”.
“Isto já não é um problema da comissão de inquérito. É um problema da credibilidade, da autoridade, do Governo, cujo primeiro responsável é o primeiro-ministro”, atirou. “Isto é o apodrecimento da função governativa, da sua autoridade e daquilo que são as preocupações reais que o doutor António Costa e o Partido Socialista têm. Estão mais uma vez, como é público e notório, nas mãos da publicidade política”.
Para Montenegro, António Costa e o Governo são “um fantoche” daquilo que “os assessores de comunicação dizem para fazer”.
No seu discurso, o líder da oposição pediu “aos portugueses e portuguesas” para não se deixaram “enganar outra vez” por António Costa e pelo PS, que “são aqueles que estão sempre de braço dado com o extremismo, quer de esquerda quer de direita”.
“Ontem na Assembleia da República, o presidente da Assembleia da República, num discurso muito curioso porque foi monotemático, falou do tempo da política: deixem-nos estar aqui que nós estamos agarrados ao poder até 2026 e que é preciso respeitar a vontade do povo”, afirmou, referindo-se ao discurso de Augusto Santos Silva na sessão solene do 25 de Abril.
"Nem queria acreditar. Como é possível que as pessoas que perderam eleições em 2015, que não tinham a vontade do povo para governar e se foram juntar à extrema-esquerda, que é contra a NATO, contra a UE e parte dela é pró-Rússia… Como é possível que esta gente diga que respeita a vontade popular e queira atirar pedras para cima da casa do PS?", questionou.
Agora, como a extrema-esquerda "já não está à mão de semear", Montenegro acusou o PS de se querer "ancorar à extrema-direita".
“Defendem a extrema-direita e falam de coisas de que nós não falamos. Quero aqui dizer que nós no PSD nunca governámos, nem vamos governar com o apoio nem da extrema-esquerda nem da extrema-direita”, acrescentou, frisando que o partido é a "alternativa ao socialismo" e o "porto de abrigo daqueles que não são extremistas, nem radicais, seja de que lado for".
[Notícia atualizada às 22h43]
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