Divulgação de informação da CPI? "Provavelmente estamos perante um crime"
Durante uma entrevista à SIC Notícias, o líder parlamentar do PS garantiu que "o Governo entregou a documentação pedida pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)" à TAP.
© Paulo Spranger / Global Imagens
Política PS
O líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, questionado na SIC Notícias sobre se é possível que a mais recente polémica governativa que veio a público pode dever-se a fugas de informação no próprio Executivo, considerou que essa alegação "não faz qualquer sentido".
"Isso era a mesma coisa que dizer que o Governo infligia, sobre si próprio, um conjunto de notícias que procurou que não se registassem nos últimos 10 dias", elaborou o socialista.
A posição de Eurico Brilhante Dias surgiu após ter sido noticiada mais uma polémica no seio do Executivo socialista, desta vez protagonizada por João Galamba e, também, por um adjunto do seu gabinete que foi exonerado, entretanto.
Eurico Brilhante Dias argumentou, ainda, que a "profusão de notícias que foram saindo durante o dia de hoje indiciam, claramente, que só quem tivesse acesso ao acervo completo, e conseguisse fazer uma seleção muito criteriosa" do mesmo, "é que faria chegar desta forma, e com este impacto tão negativo para a posição do Estado e do interesse público, esta informação à comunicação social".
Na sua ótica, "aquilo que aconteceu a partir de ontem foi uma exploração muito segmentada de informação". E, por isso, destacou: "Provavelmente estamos perante um crime, que foi ter informação classificada a ser passada para fora da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Isso é crime".
Além disso, elaborou o modo como, na sua perspetiva, "os partidos à direita do PS têm aproveitado" estes casos, "fragilizando o Governo e usando parte dessa informação para, substantivamente, construir o caso da ex-CEO" da TAP e do ex-presidente do Conselho de Administração - Christine Ourmières-Widener e Manuel Beja, respetivamente. "E isso não é razoável", apontou.
Considerando que "é do superior interesse" do público que se saiba o que se está a passar na CPI à TAP, o socialista apontou que o mesmo "tem de saber tudo", alegando que a informação divulgada, entretanto, se trata apenas de um "fragmento" não representativo de toda a realidade.
Durante esta entrevista à SIC Notícias, o líder parlamentar do PS deixou mais uma garantia: que "o Governo entregou a documentação pedida pela CPI", após se ter analisado se a mesma "estava dentro ou fora do objeto" da mesma.
Porém, Brilhante Dias admitiu: "O Governo fragiliza-se quando governa mal (...). Mas o Governo também tem agora resultados que permitem olhar para 2023 com mais perspetivas positivas do que há seis meses".
As declarações de Eurico Brilhante Dias surgem depois de Frederico Pinheiro, o ex-adjunto do gabinete do ministro das Infraestruturas, ter acusado João Galamba de querer mentir à CPI à gestão da TAP.
Entretanto, numa nota enviada às redações, o gabinete de João Galamba negou "categoricamente" tais acusações, "de que, por qualquer forma, tenha procurado condicionar ou omitir informação prestada à CPI da TAP".
Tudo isto após Frederico Pinheiro ter sido exonerado do cargo que ocupava, após o mesmo ter alegadamente adotado "comportamentos incompatíveis com os deveres e responsabilidades inerentes ao exercício das suas funções num gabinete ministerial", conforme a informação avançada pelo gabinete de João Galamba à agência Lusa.
O Governo avançou ainda com uma queixa-crime contra Frederico Pinheiro, pelo facto de ter levado dois computadores do Estado para casa, reporta a CNN Portugal. Um deles continha, inclusive, informação classificada.
Esta polémica despertou após a ex-CEO da companhia aérea, Christine Ourmières-Widener, ter revelado, em plena Comissão de Inquérito, que esteve presente numa reunião com deputados socialistas e membros do Governo, na véspera da sua audição, em janeiro.
Semanas depois, a SIC Notícias divulgou mensagens que provam que os envolvidos na reunião tinham combinado as perguntas e respostas que iam estar em destaque na Comissão, que visava analisar a indemnização de 500 mil euros atribuída a Alexandra Reis quando abandonou a administração da TAP.
[Notícia atualizada às 22h39]
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