"Perguntaram se me ia demitir por estar grávida. Fiquei indignada"

Assunção Cristas recordou alguns momentos da carreira política em entrevista à revista Sábado. Episódio, que a deixou "indignada", aconteceu quando era ministra.

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Notícias ao Minuto
26/12/2024 08:56 ‧ há 12 horas por Notícias ao Minuto

Política

Assunção Cristas

A antiga presidente do CDS-PP Assunção Cristas considerou que a política é "muito" machista e admitiu que, quando era ministra da Agricultura, um "jornal de referência" questionou se se "ia demitir por estar grávida". 

 

"Não vou dizer qual é o jornal. De referência. Perguntou se me ia demitir por estar grávida. Fiquei primeiro surpreendida, depois indignada. Como é que era possível? E a coisa mais extraordinária é que a dada altura, eu não estava grávida e ainda não planeava estar, e já corria no governo que eu ia sair porque estava grávida", recordou Cristas, numa entrevista esta quinta-feira publicada pela revista Sábado

Quando efetivamente ficou grávida do quarto filho, a antiga governante conversou com Pedro Passos Coelho, então primeiro-ministro, que "achou ótimo".  "Ficou felicíssimo – e nunca suscitou a questão da permanência no governo", disse.

Na mesma entrevista, considerou que a política era "muito, muito" machista. "E continua a ser", ressalvou.

"Costumo dizer que só tomei consciência dos temas das mulheres e das dificuldades quando entrei para a política. E com uma grande irritação quando me começavam a perguntar 'como é que concilia?', 'como é que faz?'. Perguntavam-me isso a mim e não a outros. O Aguiar-Branco [então ministro] tinha cinco filhos, mais velhos, é certo, mas nunca ninguém perguntou como é que ele conciliava", afirmou.

Já dos tempos como líder do CDS-PP, recordou a dura troca de acusações com António Costa, em 2019, especificamente o polémico episódio sobre o tom de pele do na altura primeiro-ministro, admitindo que a "magoou muito pela injustiça e pela inverdade que trazia".

"Foi uma cena montada", acusou. "Estávamos a fazer o debate [quinzenal], e eu, a certa altura, estava a olhar para o relógio, por cima do primeiro-ministro, para ver o tempo que ainda tinha. E o primeiro-ministro diz, 'está a olhar...', e eu achei que ele ia dizer, 'está a olhar para o relógio, não está a ouvir o que eu estou a dizer'. E o que ele disse foi: 'Está a olhar para mim, será por causa da cor da minha pele?' Dito naquele momento – em que eu nem sequer estava a olhar para ele – foi encenado. Puramente encenado", completou.

De recordar que Assunção Cristas liderou o CDS-PP entre 2016 e 2020 e foi ministra entre 2011 e 2015. 

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