"Houve um condicionar da ação do Parlamento para limpeza da ação do SIS"
As declarações são do líder parlamentar do BE, após o SIRP ter concluído que elementos recolhidos excluem a atuação ilegal por parte do SIS no caso do alegado roubo de um computador com informação classificada por parte do ex-adjunto de Galamba.
© Notícias ao Minuto/Anabela Dantas
Política Pedro Filipe Soares
O líder parlamentar do Bloco de Esquerda (BE), Pedro Filipe Soares, reagiu, esta quarta-feira, ao comunicado do Conselho de Fiscalização do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP), que concluiu que os elementos recolhidos excluem a atuação ilegal por parte do Serviço de Informações de Segurança (SIS) no caso do alegado roubo de um computador com informação classificada por parte de um ex-adjunto governamental.
Para o bloquista, "houve um condicionar da ação do Parlamento para, na gestão da opinião pública, haver uma limpeza da ação do SIS", pedindo "uma audição do SIRP rapidamente".
"Como é que é explicável que o SIS tenha sido chamado para atuar enquanto um órgão policial normal?", começou por questionar, apontando ser "algo que parece estar à margem da legalidade e das funções que deveria cumprir".
No entanto, recordando a posição do Partido Socialista (PS) de não aceitar que o Conselho de Fiscalização na audição prevista para esta quarta-feira "pudesse responder a quaisquer matérias relacionadas com os acontecimentos dos últimos dias", Pedro Filipe Soares questionou: "Não aceitava porquê?".
Na ótica do bloquista, prendia-se ao facto de "eles ainda não terem capacidade de saber o que é que tinha acontecido". No entanto, "minutos depois da reunião, afinal já há um parecer do próprio Conselho de Fiscalização que diz que tudo correu bem e tudo está dentro da legalidade, só os deputados é que não podem fiscalizar esse parecer".
"Há aqui uma instrumentalização da comunicação do Conselho de Fiscalização dos serviços secretos para condicionar a ação do Parlamento", atirou.
Para Pedro Filipe Soares, "se já havia duvidas acerca do distanciamento (ou falta dele) entre o primeiro-ministro, o Governo e a conduta do SIS nesta temática relacionada com os acontecimentos no Ministério das Infraestruturas, agora ficam ainda mais adensadas essas dúvidas". "Houve um condicionar da ação do Parlamento para, na gestão da opinião pública, haver uma limpeza da ação do SIS", rematou.
"É inaceitável e terá de existir rapidamente uma audição do SIRP para garantir que não há aqui aquilo que todos nós suspeitamos de que há aqui uma instrumentalização do SIRP mas também do SIS", concluiu.
Recorde-se que computador portátil recuperado pelo SIS pertence ao Estado e estava atribuído a Frederico Pinheiro, ex-adjunto do ministro das Infraestruturas, João Galamba, que foi exonerado na semana passada.
De acordo com notícias veiculadas na comunicação social, Frederico Pinheiro terá, já depois de lhe ter sido comunicada a exoneração, entrado nas instalações do ministério para levar o portátil, que continha informação confidencial relacionada com questões levantadas na comissão de inquérito à tutela política da TAP.
O ex-adjunto foi depois alvo de queixas por violência física e furto de um computador portátil no Ministério das Infraestruturas e a polémica aumentou quando foi noticiada a intervenção do Serviço de Informações e Segurança (SIS) na recuperação daquele equipamento.
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