Tutti Frutti? Não serei "idiota útil" para "derrubar ministros"

O deputado do PSD Carlos Eduardo Reis disse esta quinta-feira não estar disponível para ser o "idiota útil" do partido para que se possam derrubar dois ministros e haver eleições antecipadas.

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© Facebook/ Carlos Eduardo Reis

Lusa
25/05/2023 13:20 ‧ 25/05/2023 por Lusa

Política

PSD

Na reunião da bancada parlamentar, segundo relatos feitos à Lusa, o deputado abordou "por transparência e lealdade" as reportagens emitidas na terça e quarta à noite pela TVI/CNN Portugal, e que dão conta de que no âmbito da Operação Tutti Frutti foram intercetadas escutas e comunicações que apontam para um alegado "pacto secreto" entre PSD e PS para cada partido manter a liderança de determinadas juntas de freguesias de Lisboa nas eleições autárquicas de 2017.

Perante os deputados, negou ter cometido qualquer ilegalidade, disse que nunca foi ouvido pela justiça, e mostrou desconforto por o líder parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, ter abordado o tema na quarta-feira no debate com o primeiro-ministro sem lhe ter dado "uma palavra" prévia.

"Não estarei disponível para ser o idiota útil e muito menos sangrado na comunicação social porque dá jeito tirar dois ministros do Governo para haver eleições antecipadas", avisou, ressalvando que não está a dizer que é essa a intenção da direção do PSD.

Na resposta, o líder parlamentar do PSD considerou ter separado bem o que tinha ver com a justiça e a política, justificando que havendo um caso que "envolve os dois maiores partidos do regime seria incompreensível que o PSD não trouxesse a questão ao debate" com o primeiro-ministro.

Antes da intervenção de Carlos Eduardo Reis, já a deputada Joana Barata Lopes tinha alertado que, aquando das notícias sobre o processo a envolver o ex-deputado Joaquim Pinto Moreira, o PSD traçou linhas vermelhas claras, dizendo que não deve aproveitar notícias deste teor apenas quando convém.

Depois da intervenção de Carlos Eduardo Reis, foram vários os parlamentares a manifestar-lhe solidariedade, como Miguel Santos - que recordou o caso de Miguel Macedo, cujo processo se arrastou por anos e foi depois absolvido -, ou o vice-presidente da bancada Paulo Rios -- que considerou "um nojo" arrastar um nome na praça pública durante cinco anos sem direito a defesa.

Segundo relatos feitos à Lusa, o deputado Nuno Carvalho lembrou que ainda há algumas semanas também o presidente do PSD foi envolvido em notícias de processos judiciais e questionou qual a estratégia da direção da bancada.

André Coelho Lima, ex-vice-presidente de Rui Rio, insurgiu-se contra o que chamou de "julgamentos de tabacaria", dizendo que estes princípios se têm de aplicar tanto para o Carlos Reis como para os restantes envolvidos, como os ministros Fernando Medina e Duarte Cordeiro.

O nome do atual deputado Carlos Eduardo Reis é citado na reportagem por alegadamente ter havido favorecimento a uma empresa que detinha na altura para a construção de um campo desportivo. À TVI/CNN, o deputado já tinha negado a relação com alegado esquema de corrupção na Câmara de Lisboa: "Nunca corrompi ninguém", referiu.

Primeiro num 'tweet' do presidente Luís Montenegro e, depois, de viva voz pelo secretário-geral, Hugo Soares, o PSD afirmou na terça-feira que o partido "não pactuará com qualquer falha ética ou de legalidade", pedindo rapidez na investigação judicial sobre uma alegada troca de favores entre o partido e o PS nas autárquicas de 2017.

Leia Também: Tutti Frutti. Eis a alegada teia de 'tachos' em torno de Sérgio Azevedo

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