O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, acusou o Partido Socialista (PS) e o Chega de serem responsáveis pela atual crise política e frisou que os socialistas aproveitaram para "atirar o primeiro-ministro e o Governo para um enlamear da situação durante um longo período."
"A responsabilidade de irmos a eleições é de dois partidos, do Chega e do Partido Socialista. No Chega não nos deve surpreender, o que nos deve surpreender é a forma como o Partido Socialista atuou", disse, em entrevista à Renascença.
Para o ministro, o PS "quis usar este caso e instrumentos que a democracia tem para fiscalizar, mas são manifestamente desproporcionais, para atirar o primeiro-ministro e o Governo para um enlamear da situação durante um longo período."
Por esse motivo, o Governo decidiu perguntar "ao Parlamento se tinha confiança institucional para o Governo continuar" e o PS e o Chega "coligaram-se e disseram que o Governo não tinha condições". "Por isso é que vamos para eleições", atirou.
Miranda Sarmento afirmou ainda que, ao longo das "últimas semanas", o PS "radicalizou-se e usou métodos, expressões, intervenções próximas daquelas a que estávamos habituados ao Chega e a André Ventura".
"Acho que deve haver muitas pessoas do Partido Socialista neste momento descontentes. Porquê? Porque o doutor Pedro Nuno Santos, que eu conheço há quase 30 anos, fomos colegas de faculdade, sempre foi um radical, e é um radical, e não nos podemos esquecer daquilo que foi enquanto ministro e antes de ser ministro", atirou.
O ministro das Finanças reiterou que Pedro Nuno Santos quis "usar o Parlamento e as instituições e os mecanismos que a democracia fornece ao Parlamento para fiscalizar o Governo, para enlamear o primeiro-Ministro e o Governo durante um ano ou um ano e meio, prestando um péssimo serviço à democracia e ao regime."
Recorde-se que o Presidente da República anunciou na quinta-feira, numa comunicação ao país, que as eleições legislativas antecipadas vão realizar-se a 18 de maio, na sequência da crise política que levou à demissão do Governo PSD/CDS-PP.
A atual crise política teve início em fevereiro com a publicação de uma notícia, pelo Correio da Manhã, sobre a empresa familiar de Luís Montenegro, Spinumviva, detida à altura pelos filhos e pela mulher, com quem é casado em comunhão de adquiridos, - e que entretanto passou apenas para os filhos de ambos - levantando dúvidas sobre o cumprimento do regime de incompatibilidades e impedimentos dos titulares de cargos públicos e políticos.
Depois de mais de duas semanas de notícias - incluindo a do Expresso de que a empresa Solverde pagava uma avença mensal de 4.500 euros à Spinumviva - de duas moções de censura ao Governo, de Chega e PCP, ambas rejeitadas, e do anúncio do PS de que iria apresentar uma comissão de inquérito, o primeiro-ministro anunciou a 5 de março a apresentação de uma moção de confiança ao Governo.
O texto foi rejeitado na terça-feira com os votos contra do PS, Chega, BE, PCP, Livre e da deputada única do PAN, Inês Sousa Real. A favor estiveram o PSD, CDS-PP e a Iniciativa Liberal.
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