Em declarações à agência Lusa e à SIC à margem de uma visita à Feira do Livro de Lisboa, Rui Rocha afirmou que "o primeiro-ministro já teve várias oportunidades para dizer exatamente o que se passou naquela noite [de 26 de abril]" e defendeu que "interessa sobretudo a questão da intervenção do SIS, que ainda não está suficientemente clarificada, e também a intervenção, por exemplo, do secretário de Estado Mendonça Mendes".
"Nós andamos já há mais de um mês à procura da verdade neste caso e há quem esteja empenhado sistematicamente em adiar a descoberta da verdade", acusou, questionando porque é que António Costa e António Mendonça Mendes "fugiram 28 vezes a esclarecer os portugueses".
Rui Rocha questionou "porque é que Mendonça Mendes continua a fugir de prestar um esclarecimento e o primeiro-ministro continua a fugir com ele, o que justifica esta fuga às responsabilidades e à verdade e ao esclarecimento dos portugueses, porque é que se prolonga esta novela", dizendo só poder "interpretar esta tentativa de fuga como tendo algo para esconder".
O líder da IL lembrou que o seu partido forçou a audição do secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro na Assembleia da República (que ficou pré-agendada para dia 06 de junho), para esclarecer se deu indicação ao ministro da Infraestruturas para contactar o Serviço de Informações de Segurança (SIS) para recuperar o computador levado do Ministério pelo ex-adjunto Frederico Pinheiro.
"Nesse momento, Mendonça Mendes terá mesmo de dizer a verdade. Só há aqui três possibilidades: ou João Galamba diz que telefonou a Mendonça Mendes naquela noite e não telefonou, e isso é grave porque estamos a falar de uma falta à verdade numa comissão de inquérito, ou telefonou e o teor da conversa não é exatamente aquele que João Galamba diz, ou telefonou, o teor é aquele e Mendonça Mendes não partilhou com o primeiro-ministro o que aconteceu, que também é grave", defendeu Rui Rocha.
"O primeiro-ministro fala de horas e horinhas, tudo parece indicar que estamos aqui às vezes com mentiras, mentirinhas e se calhar com algumas mentironas", criticou.
Sobre as declarações do Presidente da República, o líder liberal salientou que o Presidente da República se referiu ao primeiro-ministro, numa nota enviada à Lusa, como a entidade "competente para propor a exoneração de um membro do Governo".
"Eu não sei se isto traduz de facto uma ideia de que o senhor Presidente da República já não considera propriamente que o primeiro-ministro esteja a governar o país", disse Rui Rocha.
O presidente da IL apontou ainda que Marcelo Rebelo de Sousa deve estar "tal e qual como estão os portugueses, sem perceber ainda o que aconteceu, quem é que teve a intervenção, em que termos, com que motivos".
Hoje, o chefe de Estado afirmou ter tido contactos com "uma só entidade oficial" sobre a intervenção do SIS na recuperação de um computador levado do Ministério das Infraestruturas, considerando ser fácil deduzir quem foi.
Mais tarde, Marcelo Rebelo de Sousa esclareceu à Lusa que foi com o primeiro-ministro que falou sobre os incidentes naquele ministério sem, contudo, o nomear.
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