O líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, reagiu esta terça-feira, questionado pelos jornalistas na Assembleia da República, à audição de António Mendonça Mendes na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias. E disse: "Podemos continuar a alimentar esta novela e a não falar no essencial para a vida dos portugueses".
Na sua argumentação, o socialista atirou duras 'farpas' ao PSD, após o partido ter pedido a exoneração do ministro João Galamba. "Podemos continuar a ter o principal partido da oposição a não comentar uma única vez os dados da economia portuguesa: o crescimento económico, o aumento das pensões, a diminuição do desemprego".
Críticas essas que se viram estendidas, também, ao Chega, que fez um pedido de demissão semelhante. "Esta novela, hoje, nós já sabíamos como terminava. Já sabíamos que os partidos à Direita terminariam, independentemente da audição, com a mesma conclusão".
De lembrar que António Mendonça Mendes confirmou hoje, na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, ter falado com o ministro João Galamba na noite de 26 de abril. Porém, rejeitou qualquer relação de causalidade entre tal chamada e a comunicação, aos serviços de informação, o episódio do computador que foi alegadamente roubado do Ministério das Infraestruturas.
Isto após o ministro das Infraestruturas ter dito, já há semanas, que teria falado com António Mendonça Mendes nessa noite, argumentando que foi o próprio secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro que recomendou que fosse feito o alerta para o SIS. Uma alegação que, até agora, não obteve qualquer confirmação por parte de outros membros do Governo.
Eurico Brilhante Dias deu ainda conta daquilo que foram as conclusões retiradas da audição propriamente dita: "O telefonema existe, foi confirmado. Não há um nexo de causalidade entre esse telefonema e o acionado do serviço de informações. E hoje sabemos que a ação do serviço de informações foi escrutinado pelo conselho de fiscalização do SIRP".
Conselho esse que, recordou, decidiu, "por unanimidade", que a ação do SIS (Serviço de Informações de Segurança) na recuperação do computador de trabalho de Frederico Pinheiro "era legal".
Sobre quem fez a chamada para o SIS, o socialista lembrou que, num caso desta natureza, "a decisão é do titular do gabinete" - neste caso, a chefe de gabinete de João Galamba, Eugénia Correia. Foi ela, referiu ainda, que acionou esse serviço, porque tinha "competências" para tal.
Questionado sobre as contradições do atual ministro das Infraestruturas, João Galamba, no contexto da sua audição na CPI à TAP, Brilhante Dias considerou que "inferir que [ele] mentiu parece-me uma precipitação". E acrescentou: "Só olhando para o conjunto das declarações é que nós podemos ter essa noção".
Os polémicos acontecimentos de 26 de abril, recorde-se, deram-se na sequência da exoneração do então adjunto do ministro João Galamba, Frederico Pinheiro, por "comportamentos incompatíveis com os deveres e responsabilidades".
Isto após o funcionário acusar o governante de "querer mentir" à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à gestão da TAP sobre a existência de notas de uma reunião entre membros do Governo, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista (GPPS) e a ex-CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, prévia à audição da mesma no Parlamento. O ministro negou, no entanto, as acusações.
O Governo acusa ainda Frederico Pinheiro de, nessa noite de 26 de abril, ter furtado um computador portátil do Estado, recorrendo a violência física. A polémica aumentou quando foi noticiada a intervenção do SIS na recuperação desse computador - tendo 'estalado' uma discussão pública sobre quais os membros do Executivo socialista que estavam a par desse facto.
[Notícia atualizada às 20h14]
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