Esta iniciativa de Pedro Filipe Soares foi transmitida em declarações aos jornalistas, depois de a conferência de líderes, hoje, ao fim da manhã, com o contributo decisivo do PS, não ter dado o necessário consenso para Christine Lagarde comparecesse perante o plenário da Assembleia da República.
"Esgotada a possibilidade de trazer Christine Lagarde ao plenário, vamos aproveitar a única alternativa que nos é permitida: Tentar que venha à Comissão de Orçamento e Finanças. Veremos então quais são as desculpas para a má vontade de trazer ao parlamento português a principal responsável pelo órgão que está a ter um impacto brutal na vida das famílias", declarou o presidente do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda.
Em sede de comissão parlamentar, segundo Pedro Filipe Soares, "cairá por terra o argumento de que não se pode ter a presença de pessoas externas em plenário na Assembleia da República e que não se pode ter alguém de uma instituição europeia numa comissão, porque diversos comissários europeus já estiveram em comissões".
"Esperamos que, desta vez, as desculpas não sejam incapacitantes para a ação do parlamento português. Queremos que a audição se realize com urgência e até gostaríamos que essa urgência significasse que o problema [da alta dos juros] estivesse para desaparecer. Mas, infelizmente, como foi anunciado em Sintra por Christine Lagarde, o problema está para se agravar", completou.
Interrogado sobre a alegada abertura dada pelo PS, em conferência de líderes, no sentido de que a presidente do BCE seja ouvida em sede de comissão, Pedro Filipe Soares deixou uma advertência sobre a real posição dos socialistas.
"Afirmarem que não se opõem é diferente de dizerem que concordam. Estamos perante a intransigência de partidos que entendem que Portugal não deve fazer valer a sua voz soberana na Europa perante dificuldades que o BCE está a criar", acusou.
Pedro Filipe Soares deixou também críticas a outras forças políticas pelas posições que tomaram sobre a presença da presidente do BCE em plenário, dizendo que PSD, Chega e Iniciativa Liberal "repetiram os mesmos argumentos" do PS.
"O PCP, embora não tendo argumentos similares, manteve a mesma proposta de ser contra a nossa iniciativa" no sentido de o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, convidar Christine Lagarde para estar presente em plenário do parlamento.
"O enquadramento do Regimento da Assembleia da República é inequívoco. O presidente da Assembleia da República pode convidar personalidades nacionais ou internacionais a estarem em plenário", sustentou.
Também em declarações aos jornalistas, o deputado único do Livre, Rui Tavares, manifestou-se favorável à audição da presidente do BCE no parlamento, independentemente do modelo - seja em sessão plenária ou comissão parlamentar - ou da grelha de tempos.
Rui Tavares justificou a importância desta audição com o facto de a política monetária do BCE e a subida das taxas de juro serem a ilustração "mais concreta todos os dias nos bolsos das famílias, de que a política europeia já não é política estrangeira, é política doméstica".
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