O Bloco de Esquerda apresentou um voto de condenação no Parlamento contra a incursão israelita na cidade de Jenin, na Cisjordânia ocupada, que resultou na morte de pelo menos 12 palestinianos, naquela que foi uma das maiores operações militares israelitas nos territórios governados pela Autoridade Palestiniana.
Em comunicado, o partido enumerou os vários detalhes denunciados por organizações não-governamentais na região, que acusam Israel de atacar deliberadamente civis no campo de refugiados de Jenin, que existe há 75 anos (desde o início da ocupação, em 1948).
"A Organização Mundial de Saúde afirma que os menores morreram por falta de assistência médica e que foi impedida de prestar socorro no campo de refugiados, onde bulldozers israelitas danificaram infraestruturas de eletricidade e água. Também os Médicos Sem Fronteiras denunciam a obstrução à assistência médica, nomeadamente o impedimento da passagem das ambulâncias de socorro", explicou o BE.
O partido, à semelhança da posição tomada por outros grupos parlamentares (como o PCP e o Livre), tem defendido o reconhecimento do estado palestiniano - uma posição que Portugal continua a não ter no âmbito diplomático.
O @BlocoDeEsquerda condena a incursão militar israelita no campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia ocupada, que deixou um rasto de destruição e de morte, e solidariza-se com o povo da Palestina e a sua resistência. pic.twitter.com/I5aWVkIAEi
— Bloco de Esquerda (@BlocoDeEsquerda) July 5, 2023
Os cinco deputados do Bloco de Esquerda recordaram ainda o papel da Organização das Nações Unidas na ocupação de Israel na Palestina, especialmente na Cisjordânia e nos territórios de 1967, reiterando que António Guterres "alertou para a 'perigosa escalada' da violência e apelou à proteção da população civil".
"Este apelo à paz e à proteção da população deve ser secundado por todos os defensores dos direitos humanos", salientou o partido.
As forças israelitas terminaram na segunda-feira uma grande operação em Jenin, uma das cidades com uma presença mais vincada de resistência armada à longa e complexa ocupação da Palestina. Vários órgãos e organizações acusaram Israel de atacar propositadamente civis, de atirar gás lacrimogéneo para hospitais, impedir serviços de emergência de socorrem a população e de arrasarem estradas.
Israel argumenta, no entanto, que estas ações são justificadas pela existência dessa resistência, que acusa de ser "terrorista", apesar de estar obrigada pela ONU de não agir militarmente nas zonas da Palestina que são governadas (com muitas limitações) pela Autoridade Palestiniana).
Até esta terça-feira, a televisão Al Jazeera noticiava, citando autoridades oficiais, que pelo menos 12 pessoas morreram em Jenin, além de uma pessoa em Ramallah (a maior cidade da Cisjordânia), e pelo menos 140 palestinianos ficaram feridos.
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