As buscas à sede do PSD (e à casa de Rui Rio). Que reações?

Rui Rio já reagiu (e com ironia). Fique a par de tudo o que se sabe - e das reações.

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© Amin Chaar / Global Imagens

Marta Amorim
12/07/2023 17:53 ‧ 12/07/2023 por Marta Amorim

Política

PSD

A Polícia Judiciária (PJ) mobilizou hoje cerca de 100 inspetores e peritos para buscas realizadas na casa do ex-presidente do PSD Rui Rio e na sede nacional do partido, por suspeitas dos crimes de peculato e abuso de poderes.

De manhã, à varanda, e fazendo-se valer da ironia, Rui Rio mostrou-se tranquilo. Depois, disse estar "farto" e que tudo isto se trata de uma tentativa de minar a sua imagem.

Mas, afinal, o que está em causa?

"Está em causa a investigação à utilização de fundos de natureza pública, em contexto político-partidário, existindo suspeitas da eventual prática de crimes de peculato e abuso de poderes (crimes da responsabilidade de titulares de cargos políticos), a factos cujo início relevante da atuação se reporta a 2018", indica uma nota da Polícia Judiciária. 

Aquela força de segurança denota ainda que foram realizadas 20 buscas, das quais 14 domiciliárias, cinco a instalações do partido e uma a instalações de um revisor oficial de contas, dispersas pela zona da Grande Lisboa e na região norte do país.

As reações dos partidos e de demais personalidades vão-se fazendo ouvir.

Rio não sabe "do que é que andaram à procura"

Rui Rio falou esta tarde aos jornalistas, considerando que tudo serviu para afetar a sua imagem. O ex-presidente do PSD relatou ainda que a PJ lhe levou o telemóvel, mas que desconhece o que procuram.   

"É sempre feio quando as coisas acontecem desta forma. Isto é para produzir notícias. Eu estou fora da política e não conto voltar, estou farto disto", atirou. 

"Não fui constituído arguido e nem sei do que é que andaram à procura", disse também, asseverando que este processo "não moraliza muito".

"Os pagamentos não são ilícitos, isto são os partidos todos, porque é que é o PSD? Se alguma coisa aconteceu no meu tempo foi uma reforma no sentido de moralizar ao máximo tudo isto, que não é que estivesse mal, mas moralizar, pôr direito", afirmou.

"Tudo isto é para afetar a minha imagem", acrescentou, dizendo-se "tranquilo".

Rui Rio vincou ainda não ter falado com a liderança do partido, facto que se deve também ao facto de a PJ lhe ter apreendido o telemóvel. 

"Colaborei totalmente com o Ministério Publico e a PJ"

Hugo Carneiro, deputado do PSD, confirmou, também esta quarta-feira, que foi alvo de buscas por parte da Polícia Judiciária (PJ), tendo garantido que colaborou "totalmente" com as autoridades.

"Confirmo que hoje fui alvo de buscas, quer na minha residência arrendada em Lisboa, quer na minha residência do Porto. Colaborei totalmente com o Ministério Publico (MP) e a Polícia Judiciária, facultando os documentos que me pediram e as 'passwords' e [códigos] 'PIN' dos telemóveis e computadores que me foram solicitados", afirmou o social-democrata, que tinha o pelouro financeiro na anterior direção liderada por Rui Rio, numa declaração aos jornalistas a partir do Parlamento.

Sempre tive uma concordância absoluta com o dr. Rui Rio quando dizia que não devemos fazer julgamentos de tabacaria

"Ninguém está acima da lei", diz Costa

Apesar de, inicialmente, se ter negado a falar de política nacional, António Costa acabou por dizer aos jornalistas, relativamente às buscas que decorrem, esta quarta-feira, num processo ligado ao PSD e ao seu antigo líder, Rui Rio, que é necessário "deixar a Justiça fazer o seu trabalho".

"Os portugueses têm motivos diversos para poderem confiar no sistema de Justiça. Primeiro, porque não há nenhum país, que eu conheça, onde o grau de independência dos tribunais e a autonomia do Ministério Público seja tão elevado como em Portugal. O que significa que ninguém está acima de qualquer suspeita, nem acima da lei, seja o cidadão comum, seja o primeiro-ministro, seja quem for", disse António Costa, em Vílnius, na Lituânia.

O primeiro-ministro saudou também a robustez do quadro jurídico português, em que a Polícia Judiciária foi reforçada, nos últimos anos, "como nunca tinha sido reforçada". "Não vale a pena querermos trazer para a praça pública aquilo que deve ser tratado no lugar próprio, que é na Justiça. Sempre tive uma concordância absoluta com o dr. Rui Rio quando dizia que não devemos fazer julgamentos de tabacaria", continuou.

O chefe do Governo realçou, aliás, que "um dos grandes ganhos civilizacionais foi termos deixado de ter julgamentos populares e passado a ter julgamentos nos lugares próprios, que são os tribunais".

Buscas à sede do PSD? "Já nada me surpreende"

"Em Portugal a justiça é assegurada por órgãos próprios que atuam com total liberdade e procederemos com a colaboração que os órgãos judiciais nos solicitarem", declarou, esta tarde, Augusto Santos Silva, escusando-se a mais comentários sobre as buscas à sede do PSD e à residência de Rui Rio.  
 
O Presidente da Assembleia da República lembrou ainda a "presunção de inocência até transito em julgado". "O facto de estar a ser conduzida investigação não quer dizer que haja formação de culpa", afirmou ainda em declarações aos jornalistas, em Londres, no Reino Unido.

Questionado se a notícia tinha sido recebida com surpresa, Santos Silva atirou: "Já nada me surpreende". "Estou preparado para ouvir toda a sorte de notícias e insisto: para mim só nos termos que estão previstos na lei se pode falar de eventuais responsabilidades", disse. 

"Devem ser dadas explicações", diz Ventura

O líder do Chega, André Ventura, já veio pedir um esclarecimento público sobre as suspeitas e buscas ao PSD. Considerou que seria importante esclarecerem o caso uma vez que Rui Rio “não foi uma personalidade qualquer” e foi presidente do PSD e da Câmara do Porto muitos anos.

Acho que para bem do sistema político, devem ser dadas explicações e isto não é avolumar nenhumas suspeitas, é serem dadas explicações. E acho que é importante que essas explicações sejam dadas”, atirou, em declarações proferidas na Assembleia da República.

“Não vou comentar um caso que não li, que não conheço"

Aos jornalistas, Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, disse apenas que não ia comentar um caso sobre o qual pouco sabia.

“Não vou comentar um caso que não li, que não conheço, acho que é melhor às vezes não fazer. Não tive oportunidade de discutir, de perceber o que é que se passa”, esclareceu, à margem de uma visita ao Centro de Acolhimento de Emergência Municipal de Santa Bárbara, em Lisboa.

Leia Também: Rio não sabe "do que é que andaram à procura" mas levaram-lhe o telemóvel  

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