"Se com José Sócrates os portugueses conheceram a bancarrota socialista, com António Costa os portugueses sofrem o empobrecimento socialista", criticou o líder parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, na primeira intervenção no debate sobre o estado da nação, o último debate parlamentar antes das férias.
O social-democrata apontou como exemplos a duplicação das prestações dos portugueses com os créditos à habitação, a "queda dos salários reais em 4% em 2022" ou o facto de metade dos pensionistas não conseguirem comprar todos os medicamentos de que precisam.
"Deixo lhe um repto: no estado da nação, abandone o estado de negação em que se encontra", pediu Miranda Sarmento.
Na resposta, António Costa respondeu que, "goste ou não", o partido do empobrecimento tem sido o PSD, invocando declarações dos anteriores líderes sociais-democratas a alertarem para os riscos da subida do Salário Mínimo Nacional (SMN) pelo Governo socialista.
"E foi o seu o atual líder que disse aqui, quando era líder parlamentar em 2016, que com o aumento do SMN, eu ia ser o pai do quarto regaste do país. O que temos sido é os pais e mães do maior ciclo de crescimento nas últimas década", contrapôs.
Sobre o problema da subida dos juros nos créditos à habitação, o primeiro-ministro disse que o Governo está a estudar "novas medidas para reforçar" as já adotadas para apoiar estes créditos e deixou um remoque ao líder parlamentar do PSD.
"Já varias vezes fui criticado por pessoas da sua área política por criticar a política do BCE, nunca o ouvi a si dizer uma palavra sobre a evolução das taxas de juro", notou.
Numa interpelação à mesa, Miranda Sarmento pediu que fosse informada a câmara como é que o governador do Banco de Portugal e ex-ministro das Finanças do Governo PS, Mário Centeno, tem votado esses aumentos, e voltou a trazer os tempos da 'troika' ao debate.
"Não sei se o senhor será o pai do quarto resgate, mas do terceiro é pelo menos o tio", disse.
No final do seu tempo, Miranda Sarmento referiu-se às buscas judiciais da semana passada a sedes do PSD e à casa do ex-líder Rui Rio, considerando que a justiça é "um dos problemas mais graves que o país atravessa", deixando um repto que ficou sem resposta.
"O PSD não pactua com a impunidade, mas não vacila na defesa dos princípios do estado de Direito. O que aconteceu na semana passada foi muito grave, uma inversão daquilo que devem ser os papéis entre a justiça e a política. Várias pessoas, de vários quadrantes políticos, já se colocaram na primeira linha nesse combate, falta uma pessoa, que é Vexa, sr. primeiro-ministro", afirmou o líder parlamentar do PSD.
Na resposta ao PSD, em que nem gastou os cinco minutos de tempo previsto, o primeiro-ministro não se referiu nem à justiça nem ao caso concreto das buscas da semana passada.
Miranda Sarmento acusou ainda o Governo de cobrar cada vez mais impostos, mas sem correspondência nos serviços públicos, que considerou estarem "em colapso".
"O senhor faz um truque, com as duas mãos tira aos portugueses em impostos e com uma mão, uma mão cerrada socialista, devolve um poucochinho", disse, lamentando ainda os "casos, demissões e trapalhadas" do último ano.
O líder parlamentar do PSD defendeu que o seu partido já é alternativa ao Governo e que, ao contrário do que disse o primeiro-ministro no seu discurso inicial, "não pode dizer que o PSD não apresenta medidas", elencando várias em áreas como habitação, saúde ou impostos.
"Podem discordar de tudo mas não podem negar que o PSD tem feito contributos importantes para a vida dos portugueses e desenvolvimento económico do país", afirmou.
[Notícia atualizada às 16h39]
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