O antigo vice-presidente do Partido Social Democrata (PSD) Miguel Relvas considerou, na quarta-feira, que “há muito cansaço” dos portugueses numa altura de rentrée política.
“Acho que há muito cansaço. Independentemente dos discursos, notei pouca chama na rentrée do PSD, o mesmo se verificou no Iniciativa Liberal e se há de notar nos outros partidos”, afirmou em declarações à CNN Portugal.
O social-democrata apontou ainda que nos dias de hoje não se vive “aquela diferença habitual e tradicional da Esquerda-Direita”. E os exemplos não ficam por Portugal, tendo o comentador exemplificado com Itália. “A semana passada vi o que se passou em Itália, em que uma chamada primeira-ministra de extrema-direita radical apresentou um imposto sobre os lucros extraordinários da banca. E temos a Esquerda tradicional a discutir se os WC’s devem ser mistos”, detalhou.
Apesar de ter começado com um exemplo internacional, o comentador ‘voltou’ a Portugal, fazendo projeções sobre o futuro do Executivo.
“Em Portugal, vamos ter um Governo que, a meu ver, tem hoje a vida mais facilitada do que teve há três meses”, notou, acrescentando que há cerca de dois meses parecia que “o Governo estava a pique”.
“Hoje já não se fala do [ministro das Infraestruturas, João] Galamba”, atirou, referindo-se à polémica que envolveu o ministério que tutela. Relvas falou ainda sobre o Ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, no âmbito da operação Tempestade Perfeita. Gomes Cravinho era responsável pelo ministério da Defesa, que nomeou alguns responsáveis que hoje se veem envolvidos na investigação. Na quarta-feira, o Ministério Público acusou 73 arguidos.
“Houve aqui uma omissão e uma incapacidade política por parte da Oposição face a um Governo que tem oito anos”, rematou, dizendo que apesar de o Executivo dizer que “tem as contas certas, estamos a demorar dois anos a pagar a aeroportos”. O ex-responsável do PSD exemplificou ainda sobre o impasse sobre a decisão da localização do aeroporto.
“Este fim de semana, o líder do PSD acertou na questão fiscal, esteve bem na questão do IRS. Gostaria de ter visto propostas no âmbito do IRC, porque precisamos de empresas para criar riqueza e possibilidade do país poder crescer nos próximos anos”, desenvolveu.
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