"Vai ser uma 'rentrée' difícil para o Governo, vai ser um ano difícil para todos", afirmou André Ventura, em Santarém, onde hoje visitou a feira Agroglobal, enumerando os diversos setores onde considera que se regista contestação, como a agricultura, a justiça, a educação, a saúde e os combustíveis.
Para o líder do Chega, esta situação mostra "como um Governo com maioria absoluta não é sinal de uma vontade absoluta de resolver problemas".
"Temos um Governo que tinha todas as condições legislativas para poder resolver estes problemas e insiste em não os resolver. Infelizmente, vamos ter um ano de clivagem", declarou, antevendo que os próximos tempos vão ser de contestação e de perturbação.
Admitindo que isto "é um mau sinal para o Governo", Ventura salientou que o Chega faz o seu papel, chama a atenção para os problemas e propõe soluções, sendo que ao "Governo cabe governar e é isso que não tem feito".
O presidente do Chega referiu-se depois às declarações de hoje do primeiro-ministro, o socialista António Costa, que desdramatizou as consequências do veto do Presidente da República ao programa "Mais Habitação", salientou a separação de poderes e defendeu que uma eventual confirmação do diploma pelo parlamento representa o regular funcionamento das instituições.
No Montijo, António Costa recusou-se a comentar se o Presidente da República, no exercício da sua ação, tem ultrapassado as suas competências, mas advertiu que as coisas correm sempre mal quando há confusão de papéis.
Para André Ventura, estas são expressões que "não dignificam a democracia e não dignificam o espaço público", sustentando que "o ataque mais ou menos encapotado aos partidos da oposição, ao Presidente da República, mostra um primeiro-ministro em desespero".
"Acho que nós temos de saltar, mudar de rumo e trazer um novo governo a Portugal, não só na agricultura, como na maior parte destes setores", referiu.
"É lamentável que um primeiro-ministro ache que os outros partidos da oposição e o Presidente da República estão, simplesmente, a fazer teatro", declarou, assinalando que Marcelo Rebelo de Sousa se pôs "numa posição em que permitiu ao senhor primeiro-ministro desautorizá-lo e ao Governo permanentemente".
O líder do Chega realçou que, enquanto Marcelo Rebelo de Sousa, "não tomar uma decisão que o Governo perceba que tem de travar esta onda de autoritarismo e de arrogância, isto só vai piorar".
"Se não o fizer, o Governo vai de arrogância em arrogância até à arrogância final. (...) Acho que é um bom dia para o senhor Presidente da República dizer ao Governo que chega ou, se o senhor Presidente da República quiser, que basta", acrescentou.
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