O BCE anunciou hoje uma nova subida das três taxas de juro diretoras em 25 pontos base, o décimo aumento consecutivo, colocando a taxa dos depósitos no nível mais elevado de sempre da zona euro.
Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, o deputado do PCP Duarte Alves pediu ao Governo e ao Banco de Portugal "uma posição firme de rejeição deste aumento de juros" e "medidas concretas afrontando as imposições da União Europeia e do euro".
"Medidas como as que ainda hoje o PCP apresentou e que garantem a redução das prestações, colocando os lucros dos bancos a suportar o aumento das taxas de juro", disse, frisando que a banca "está a lucrar 11 milhões de euros por dia".
Para Duarte Alves, exige-se do Governo que não só aprove medidas como esta do PCP, mas também mobilize a Caixa Geral de Depósitos para que, como banco público, assuma um papel para influenciar "todo o mercado bancário e contribua para a redução do crédito bancário".
"Notícias como as de hoje só dão mais força às propostas do PCP", defendeu.
Pelo Chega, o deputado Rui Afonso criticou que "meia dúzia de burocratas em Frankfurt consigam dominar nações", acusando o BCE de fazer "chantagem sobre os países que integram a zona euro" sem quaisquer preocupações sociais.
"Temos de ter um Governo que não seja subserviente a Frankfurt, que se imponha perante a política monetária do BCE", defendeu, apontando que há já centenas de milhar de portugueses que "têm de escolher" entre pagar a renda, a alimentação ou a escola dos filhos.
O deputado defendeu ser necessário dizer "basta aos lucros da banca à custa dos aumentos da taxa de juro", defendendo, tal como o PCP, que "esse valor tem de ser transferido para apoiar os créditos à habitação".
Tal como já tinha sido anunciado, o Chega levará ao debate marcado pelo PSD para dia 20 sobre redução fiscal uma proposta para aplicar à banca uma contribuição extraordinária, como já acontece com os setores da energia e da grande distribuição.
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