A dirigente do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua, teceu duras críticas ao governo regional da Madeira, que acusou não só de trair os habitantes da região, como de ser “representante dos interesses dos poderosos, da elite e dos especuladores” no que diz respeito à habitação, esta sexta-feira.

Começando por recordar o debate de quinta-feira na Assembleia da República, no qual “estavam a ser votadas propostas para habitação”, Mariana Mortágua realçou que as duas propostas apresentadas pelo PSD/Madeira tinham por base a “defesa dos Vistos Gold e do Alojamento Local (AL)”.

“Acham que aquela deputada falou nos preços das casas no Funchal? Acham que aquela deputada falou nos jovens que emigram porque não conseguem pagar uma renda? Acham que aquela deputada se preocupa com as casas sem saneamento, sem condições com as pessoas despejadas? Não. A única preocupação dos deputados do PSD/Madeira na Assembleia da República foi defender Vistos Gold e AL”, atirou, durante a ação de campanha de hoje.

A bloquista foi mais longe, tendo atirado que “os proprietários, os não residentes ricos, os russos que precisam da Madeira para lavar o seu dinheiro, são eles que o PSD representa”.

“Eu ouvi Miguel Albuquerque, todos ouvimos Miguel Albuquerque, a dizer e cito, ‘que todos sabem como em toda a ilha nunca tivemos tanto investimento, tanta casa a construir para residentes estrangeiros. Nunca se venderam tão caro tantos terrenos, nunca se venderam casas como agora a residentes estrangeiros’. É isto que anda a dizer Miguel Albuquerque nos seus comícios”, indicou, acusando o partido de estar “obcecado com a euforia milionária do imobiliário, com a elite, com o privilégio, com os negócios loucos que dão tanto a ganhar a um punhado de gente”.

E prosseguiu: “Como podem ser tão descarados? Quanta impunidade devem sentir para virar a cara ao povo? O que é que se diz de um governo que abandonou o povo para ser o representante dos interesses dos poderosos, da elite e dos especuladores? Diz-se traição. Miguel Albuquerque traiu a Madeira e traiu os madeirenses. O PSD traiu o povo da Madeira. 30% de pobreza é traição. Traição de um governo que usa os recursos de todos para enriquecer alguns.”

"Quando chega a altura de falar, Miguel Albuquerque só levanta a voz para defender os vistos 'gold' e a especulação. É essa a voz que querem que vos defenda no parlamento regional?", insistiu.

Mariana Mortágua deixou também críticas aos partidos de direita, acusando-os de ter "tudo em comum com o programa do PSD", exceto o facto de não terem, embora queiram, um lugar no Governo Regional.

Dirigindo-se depois ao PS, Mortágua questionou: "É o PS que usa a sua voz para dizer que na Madeira não há monopólios?".

A coordenadora do Bloco de Esquerda deixou a garantia de que o BE é a voz que se vai levantar contra os vistos 'gold' e que vai dizer "que a elite russa não pode vir à Madeira lavar o seu dinheiro".

"Está aqui a voz que dirá, frontalmente, cara a cara, a Miguel Albuquerque que a Madeira não é o seu quintal e não se vende aos bocados a quem dá mais. A Madeira pertence a quem quer aqui viver e fazer a sua vida", concluiu.

Às legislativas da Madeira concorrem 13 candidaturas, que vão disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo eleitoral único: PTP, JPP, BE, PS, Chega, RIR, MPT, ADN, PSD/CDS-PP (coligação Somos Madeira), PAN, Livre, CDU (PCP/PEV) e IL.

Nas anteriores regionais, em 2019, os sociais-democratas elegeram 21 deputados, perdendo pela primeira vez a maioria absoluta que detinham desde 1976, e formaram um governo de coligação com o CDS-PP (três deputados). O PS alcançou 19 mandatos, o JPP três e a CDU um.

[Notícia atualizada às 20h03]

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