Em declarações à Lusa, na véspera da reunião, o destacado apoiante do ex-presidente Rui Rio (e diretor de campanha de Jorge Moreira da Silva nas diretas contra o atual presidente Luís Montenegro) diz que todos devem "interpretar o momento político", que é "de unidade", a pouco mais de três meses da realização de eleições legislativas antecipadas.
Para o deputado, a demissão do primeiro-ministro, António Costa, em 07 de novembro "mudou o perfil do Congresso", convocado sobretudo com o objetivo de fazer uma revisão estatutária, que passou a ter de ser "virado para fora".
"Desde o dia 07 de novembro, temos vindo a assistir a um debate público muito centrado nas declarações do primeiro-ministro, do Presidente da República e tem-se falado pouco do país", considerou.
O Congresso do PSD, acrescentou, "pode ser a oportunidade para o líder da oposição e candidato a primeiro-ministro virar a discussão para fora e fazer a avaliação dos últimos oito anos do PS, independentemente do problema judicial que existe e que tem de ser resolvido rapidamente".
"Este Congresso é uma oportunidade para Luís Montenegro explicar o que faria diferente em relação a António Costa e, sobretudo, fazer este balanço da governação do PS", disse, considerando que os últimos oito anos se traduziram "num grande fracasso político", quer a nível do aumento da carga fiscal, quer da degradação dos serviços públicos.
Por isso, Carlos Eduardo Reis espera ouvir de Luís Montenegro "como vai descrispar a relação entre o Governo e a sociedade".
Questionado se este Congresso não é propício a vozes críticas, mesmo dos que discordaram no passado, o deputado contrapôs que deve haver responsabilidade de militantes e dirigentes de "interpretar o momento político de unidade e de falar sobre o país".
"É isso que os portugueses esperam de um partido que é alternativa: perceber porque é que nos últimos 30 anos Portugal não cresceu como devia ter crescido, nem tem a posição que devia ter na União Europeia", disse.
Carlos Eduardo Reis ainda não decidiu se falará na reunião magna, e, sem retirar o valor à discussão estatutária, espera ver que a tónica do Congresso seja a de "reunir as tropas e virar para fora".
Já sobre os estudos de opinião, que continuam a apontar PS e PSD em empate técnico mesmo depois da crise política, o deputado desvaloriza-os, dizendo que "três meses em política é uma eternidade" e salientando que falharam por muito nas legislativas de 2022.
"Não devemos partir para uma campanha eleitoral condicionados pelas sondagens, o que é importante é centrar a nossa mensagem nos problemas dos portugueses. Se conseguirmos fazer isso, e não nos deixarmos enredar nesta intenção do PS de não discutir os últimos oito anos de governação de António Costa, ficamos muito mais próximos de vencer as eleições", defendeu.
O deputado frisou que o atual primeiro-ministro teve oportunidade de fazer pactos de regime -- até com o PSD de Rui Rio na área da justiça -- e não quis fazer nenhuma reforma estrutural.
"O PSD agora deve ser a voz das soluções para os problemas que os portugueses têm", apelou.
O PSD realiza no sábado, em Almada (distrito de Setúbal), o seu 41.º Congresso, que foi convocado com o objetivo principal de rever os estatutos, mas que a crise política transformou num pontapé de saída para a campanha eleitoral para as legislativas antecipadas.
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