O comunista João Oliveira comentou, esta terça-feira, as declarações do antigo líder do Partido Social Democrata Pedro Passos Coelho, que acusou o primeiro-ministro, António Costa, de se ter demitido por "indecente e má figura"
Questionado sobre se estas acusações são uma espécie de vingança do período do Geringonça, o comunista referiu crer que foram "uma expressão de um azedume que Passos Coelho não consegue esconder, mesmo já tendo passado oito anos das eleições de 2015".
"E são um azedume que não consegue esconder por ter sido, efetivamente, afastado do poder e, sobretudo, por ter sido afastado do poder, e na sequência disso ter sido possível repor tudo aquilo que foi cortado no seu governo. Esse azedume nunca foi ultrapassado", considerou, em declarações à CNN Portugal.
O comunista, que foi líder parlamentar do Partido Comunista Português durante o período da Geringonça, notou ainda que "nem o PS nem o PSD têm dado resposta às dificuldades das pessoas, e principalmente, quando olhamos para a saúde, educação e serviços públicos".
"Há uma linha condutora que junta PS e PSD, com diferenças de execução dessa política de pormenor, mas que o essencial acabam por conduzir a esta situação de frustração de expectativas, de desilusões. Prometem coisas e fazem ao contrário", atirou.
Questionado sobre se acreditava que o "diabo" afinal tinha chegado, foi perentório: "Acho que nunca conseguimos, verdadeiramente, expulsar o 'diabo'. O diabo, que continuou sempre atrás da porta, é este diabo da política de Direita que leva a vida das pessoas a um inferno em muitas suas dimensões", afirmou.
Confrontando com o facto de o novo líder socialista não descartar uma nova Geringonça, o recentemente anunciado como cabeça de lista pela CDU às eleições europeias disse que havia dois problemas: "Tem o problema de pôr o carro à frente dos bois", mas também tem outro problema, "maior do que esse - isso coloca a ilusão que pode ser do PS que vem a solução para os problemas do país. E que estará dentro do PS alguém de protagonizar essas funções. A vida tem-nos mostrado que isso é uma ilusão que se paga caro, como se vê nos últimos dois anos", atirou.
O comunista afirmou ainda que apesar de muita coisa ter melhorado, a história "prova as limitações profundas de termos governos do PS", dizendo que propostas como aumentos das pensões, creches gratuitas e reduções dos passes dos transportes foram propostas dos comunistas às quais o Executivo apresentou não só resistência, mas que também procurou condicionar. "Se tivéssemos ficado por aquilo que o PS achava que era aceitável, nada disto hoje era possível", defendeu, acrescentando: Há um problema. Um Governo do PS com o PS como elemento determinante, significa sempre resistência e obstáculos.
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