Pedro Nuno Santos quer "alterar especialização" da economia se formar
O secretário-geral do PS anunciou hoje a intenção lançar um programa de apoios seletivos num número limitado de áreas estratégicas com potencial de transformação da economia, a decidir com os agentes económicos e academia, para uma década.
© Lusa
Política PS
No discurso de encerramento do 24.º Congresso do PS, na Feira Internacional de Lisboa (FIL), Pedro Nuno Santos assumiu como "primeira e principal missão", se formar Governo, "alterar o perfil de especialização" da economia portuguesa, como meio para se "pagar melhores salários" e "financiar um Estado social avançado".
"Mas, se quisermos obter resultados, temos de fazer mudanças fundamentais no que tem sido feito. O setor privado pode e deve investir onde bem entender, como em qualquer economia de mercado, mas o Estado tem a obrigação de fazer escolhas quanto aos setores e tecnologias a apoiar", defendeu.
Segundo o ex-ministro das Infraestruturas e da Habitação, nas últimas décadas "a incapacidade de se dizer 'não' levou o Estado a apoiar, de forma indiscriminada, empresas, setores e tecnologias, independentemente do seu potencial de arrastamento da economia".
"A incapacidade de fazer escolhas levou a que sucessivos programas de incentivos se pulverizassem em apoios para todas as gavetas, de forma a assegurar que ninguém se queixava. O problema da pulverização dos apoios é que depois não há poder de fogo, não há capacidade do Estado de acompanhar, não há recursos suficientes para transformar o que quer que seja", criticou.
Pedro Nuno Santos acrescentou que o seu objetivo "é acentuar a dimensão vertical do sistema de incentivos e intensificar o grau de seletividade que permita garantir a concentração de recursos necessários para desenvolver aqueles setores ou tecnologias capazes de arrastar processos de transformação económica".
"É tempo de ser claro e de fazer escolhas, porque governar é escolher: só conseguiremos transformar a economia com mais dinheiro para menos setores. É preciso fazer escolhas com base nas competências empresariais, científicas e tecnológicas já existentes em Portugal", afirmou.
O secretário-geral do PS comprometeu-se a fazer uma seleção "participada e discutida" e também "transparente e objetiva" desses setores.
"Tem de haver competências empresariais, tecnológicas e cientificas, potencial de crescimento e de arrastamento e consequências na resolução de problemas específicos da sociedade portuguesa. E para isso vamos querer escolher, com os agentes económicos, a academia e o país, as áreas estratégicas para desenvolver na próxima década", disse.
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