Na assinatura da coligação Aliança Democrática, que reúne PSD, CDS-PP, PPM e independentes em listas conjuntas para as legislativas e europeias, Luís Montenegro defendeu que este é "um projeto político de esperança e confiança".
"O projeto político da AD não se alimenta nem pela ameaça nem pela hostilidade e não se move, ao contrário dos nossos adversários, pelo passa-culpas, pelo ressentimento ou pela instigação infantil do medo. Ao contrário do PS, não é um movimento político ressabiado", afirmou.
Na sua intervenção, o líder do PSD fez mesmo um apelo ao voto dos que, nas últimas eleições, deram maioria absoluta ao PS.
"Àqueles que acreditaram no PS há dois anos, quero dizer que este projeto da AD é também para vós, para os que se desiludiram. Que bela oportunidade deram ao PS e que o PS desperdiçou completamente", considerou.
Tal como tinha feito antes o líder do CDS-PP, Nuno Melo, o presidente do PSD defendeu que o Governo liderado por António Costa "não acabou por causa do Presidente da República ou qualquer outra instituição".
"Faltou competência ao Governo, a todos os membros que por lá passaram, faltou capacidade de transformação e vontade política, porque instrumentos para mudar ninguém teve como agora", considerou.
Na única referência direta que fez ao Congresso do PS, que hoje terminou, Montenegro disse ter ficado chocado "que o grande ausente tenha sido o Serviço Nacional de Saúde" (SNS).
"Neste congresso, o novo líder e o antigo líder -- os dois com responsabilidade, porque os dois se sentavam no Conselho de Ministros - tudo fizeram para desviar a atenção, para ignorar e desprezar o que é hoje para muitos portugueses a primeira preocupação que têm: a saúde", criticou.
O líder do PSD elegeu esta área como "a grande prioridade social do Governo da AD" e apelou a uma reflexão sobre o estado do SNS nas legislativas antecipadas de 10 de março.
"Há muitas razões para mudar de Governo, mas a degradação do SNS por si já era suficiente para pôr o Governo socialista na rua e para pôr um novo governo a cuidar da saúde dos portugueses", considerou.
Montenegro prometeu que um Governo da AD não se irá "conformar, resignar ou render", num discurso em que reiterou compromissos do PSD como o de fazer um programa de emergência na saúde com recurso também aos setores privado e social ou de dar um rendimento mínimo a todos os pensionistas até final da legislatura equivalente a 820 euros.
O líder social-democrata comparou a situação atual do país à de 1979 - quando foi criada a primeira Aliança Democrática com CDS-PP e PPM - considerando que, então como agora, o país está "numa encruzilhada, num impasse", e vive-se "um tempo de ressaca de todas as experiências de governação socialistas", quer com maioria absoluta, quer com apoio formal ou informal dos partidos à sua esquerda.
"Todas redundaram no mesmo resultado: um falhanço clamoroso dos objetivos a que se propuseram. Diante deste impasse, desta incapacidade, impõe-se mesmo criar uma nova esperança, um novo projeto de confiança", disse, assegurando que não quer uma imitação da primeira AD, mas que esta sirva como inspiração.
Num discurso de meia hora em que apontou também falhas ao Governo nas áreas da educação, habitação ou na redução da pobreza, Montenegro acabou a parafrasear o histórico dirigente e antigo primeiro-ministro Carlos Mota Pinto.
"Nós hoje somos muitos nesta sala - esta sala que está a ferver e fervilhar de entusiasmo - amanhã seremos mais, vamos ser milhões, vamos ganhar as eleições e transformar Portugal", apelou.
Os presidentes do PSD, Luís Montenegro, do CDS-PP, Nuno Melo, e do PPM, Gonçalo da Câmara Pereira, assinaram hoje o acordo de coligação Aliança Democrática (AD), numa cerimónia na Alfândega do Porto, em que também discursou o ex-bastonário da Ordem dos Médicos Miguel Guimarães como representante dos independentes que deverão integrar as listas conjuntas às legislativas.
[Notícia atualizada às 19h53]
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