Agressão a jornalista na Católica? Chega nega "qualquer responsabilidade"

Agressão aconteceu na terça-feira, depois de o jornalista do Expresso se ter identificado mais do que uma vez. Sindicato dos Jornalistas e Universidade Católica Portuguesa já reagiram, condenando o incidente.

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© PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP via Getty Images

Daniela Carrilho e Teresa Banha
17/01/2024 12:30 ‧ 17/01/2024 por Daniela Carrilho e Teresa Banha

Política

CHEGA

O Chega reagiu, esta quarta-feira, à notícia de que um jornalista do Expresso foi agredido ontem durante um evento organizado por associações de estudantes da Universidade Católica Portuguesa (UCP), na qual participava o líder partidário, André Ventura.

"O Chega nega qualquer responsabilidade quer na entrada do jornalista no evento, quer na sua expulsão, até porque, como convidado, não é da sua competência definir quem pode estar ou não presente", lê-se em comunicado enviado ao Notícias ao Minuto, após pedido de reação.

O partido negou "qualquer responsabilidade na organização do evento, bem como na definição das normas de acesso ao mesmo, quer de participantes, quer da comunicação social".

Segundo o semanário adiantou, na peça onde a denuncia a agressão, a conferência em questão foi transmitida a todos os meios de comunicação social pela assessoria de imprensa do Chega, indicando que “segundo indicações da Universidade", "não seriam permitidas câmaras dentro do auditório”. O semanário aponta que não "não havia qualquer indicação" de que a presença de jornalistas seria interdita.

"Aquilo que foi comunicado aos jornalistas por parte da assessoria de imprensa do CHEGA foi que o presidente do partido falaria à comunicação social no início do evento. Foi isso mesmo que aconteceu, com o respetivo acompanhamento por parte da assessoria de imprensa do partido", lê-se também na nota.

O partido sublinha ainda na nota que "a partir do momento em que o presidente do Chega e toda a sua comitiva entraram no anfiteatro" o controlo do evento" ficou completamente nas mãos dos anfitriões"- o comunicado detalha mesmo que, neste âmbito, se referem à "acreditação dos presentes e pela definição das regras de quem podia e não podia assistir ao evento".

O Chega explicou ainda que "lamenta a situação" e que repudia "qualquer tentativa de condicionamento ou limitação do direito à informação e intimidação de jornalistas".

O que se passou?

Segundo o semanário, "a entrada do jornalista do Expresso foi autorizada por duas jovens junto à porta principal do auditório e era do conhecimento prévio da assessoria de imprensa do Chega. O jornalista conseguiu presenciar os primeiros 10 minutos da intervenção de André Ventura". Após esse pe´riodo, o jovem transmitiu-lhe que ele não podia estar presente".

O jornalista identificou-se novamente e, pouco depois, foi interpelado por um terceiro jovem, altura em que pediu "esclarecimentos" aos assessores do Chega e tentou interpelar o próprio André Ventura para "esclarecer a situação".

"Foi nesse momento que jornalista foi agredido: dois dos jovens prenderam os seus movimentos, agarrando-o pelos pés e pelos braços, forçando a sua saída do evento – deixando todo o equipamento de trabalho na sala, incluindo o computador profissional", que foi devolvido "após intervenção de um dos assessores de André Ventura", conta o Expresso.

O segurança pessoal de André Ventura, Luc Mombito, ter-se-á ainda dirigido ao jornalista "de forma agressiva", perguntando-lhe "se este precisava 'de mais alguma coisa para se sentir melhor'".

O assessor de imprensa do Chega acabou por terminar com a quezília e abandonou o local junto do jornalista.

O que dizem a universidade e o Sindicato dos Jornalistas?

A Universidade Católica repudiou qualquer tentativa de limitação do direito à informação e intimidação de jornalistas. Em comunicado divulgado na terça-feira à noite, a Universidade Católica Portuguesa (UCP) rejeita igualmente a "manipulação deliberada das normas de acesso ao evento pelo partido convidado [Chega]", explicando que o evento é organizado por estudantes com o objetivo de esclarecer as propostas para o país sob a forma de um debate livre e não uma organização dos partidos.

Já o Sindicato dos Jornalistas condenou a agressão, afirmando tratar-se de um crime público, "cometido à vista de muita gente, que tem de ser investigado e punido exemplarmente".

O SJ repudiou o "atentado contra a liberdade de imprensa e contra a integridade física" de um jornalista em funções, lembrando que a agressão a estes profissionais é crime público desde 2018.

No comunicado, o SJ exorta ainda as autoridades a agirem "com a celeridade que um atentado destes exige", pede uma punição exemplar para os agressores, acrescentando que vai questionar a UCP sobre as medidas que tomou para evitar este tipo de comportamento dentro das suas instalações.  

Leia Também: Jornalista do Expresso agredido em evento com líder do Chega

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