Numa intervenção de cerca de meia hora, a meio da apresentação das linhas gerais do programa do Chega, André Ventura prometeu que, se for Governo, o partido irá apreender os bens "de quem andou a desviar dinheiro" e dar condições à investigação criminal para prosseguir "sem medo dos políticos".
"Não tenham dúvidas: temos de ir aonde dói mais aos 'Albuquerques', aos 'Salgados', aos 'Sócrates', aos 'Pinhos' desta vida: hão de deixar todo o património e até a roupa que têm no corpo ao Estado português", afirmou.
Ventura centrou grande parte do seu discurso nos casos judiciais dos últimos meses, considerando que "a descrença começa a ser evidente" perante o que chamou de podridão do regime.
André Ventura referiu-se diretamente quer à suspeita sobre o primeiro-ministro, António Costa, na Operação Influencer, quer ao processo que envolve o presidente social-democrata do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, e o autarca do Funchal, Pedro Calado, aproveitando para criticar o PSD.
"Quando cai o Governo em Lisboa, o PSD diz que não havia outra solução. Agora ouvimos Luís Montenegro dizer que 'nada mudou' e que mantinha o apoio a Miguel Albuquerque. Quando não há coerência é que começamos a perder as pessoas", lamentou.
O líder do Chega questionou também a autoridade do PS para falar em corrupção: "Quem é o PS para falar de corrupção?", perguntou.
"Se o PS vencer as eleições legislativas de 10 de março, nós vamos ter o maior ataque à justiça que alguma vez tivemos na nossa história. Da nossa parte, uma garantia: da parte do Chega tudo faremos para que quem tem o dever, a função constitucional de investigar, o fará sem medo dos políticos, de calendários políticos, sem medo de interferência partidária", disse.
Na justiça, prometeu igualmente acabar com "as armadilhas de recursos" sucessivos, considerando que "isto não é populismo, isto é realismo".
Na intervenção na Casa da Cultura de Sacavém, Ventura voltou a considerar que os custos económicos da corrupção e da economia paralela são mais do que suficientes para pagarem propostas do partido como a equiparação das pensões mínimas ao Salário Mínimo Nacional ou a atribuição a todas as forças de segurança do subsídio já conferido à Polícia Judiciária.
"É importante dizer de quem é a responsabilidade do Estado a que o país chegou. Não podemos continuar a ter uma campanha de absoluta esquizofrenia: ouço Pedro Nuno Santos a prometer tudo e o seu contrário, quando esteve sete anos no Governo", criticou.
Ventura criticou também os custos de "fundações, institutos e observatórios", especificando o caso da Fundação Mário Soares que receberia "milhões de euros" por ano, numa referência que mereceu apupos da sala.
O líder do Chega aproveitou para criticar o Livre -- sem dizer o nome do partido -- por querer acabar com a disciplina Educação Moral e Religiosa, contrapondo que o seu partido pretende travar "uma luta sem tréguas contra a ideologia de género".
Ventura reiterou que, se for Governo, o Chega irá mudar as políticas de imigração, dizendo que não quer que Portugal se torne "numa Bélgica ou numa França", e prometeu a política "mais atrativa de sempre" na fiscalidade e habitação para que os jovens portugueses não tenham de emigrar.
No final, reiterou que é "candidato a primeiro-ministro de Portugal" e, aos que dizem que o Chega está a crescer mas ainda não o suficiente, deixou a sua convicção de que "vai ser desta".
"Sei que muitos desconfiam, mas deem-me uma oportunidade e eu garanto que transformaremos este Portugal para sempre", afirmou.
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