"Autonomia é valor sagrado dos madeirenses. Não há nada que a manche"
O presidente do parlamento da Madeira, o centrista José Manuel Rodrigues, disse hoje que a crise política que assola a região, na sequência do processo que investiga suspeitas de corrupção, não vai manchar o sistema autonómico.
© Lusa
Política Madeira
"Eu acho que a autonomia é um valor sagrado dos madeirenses e porto-santenses e não há nada que a manche", afirmou, à margem de uma conferência sobre a "Madeira e os 50 anos do 25 de Abril", que decorre na Escola Básica e Secundária João Gonçalves Zarco, no Funchal.
O presidente da Assembleia Legislativa, que ocupa o cargo por indicação dos centristas, no âmbito da coligação PSD/CDS-PP, partidos que suportam o Governo Regional, recusou-se, no entanto, a comentar em concreto a crise política, que decorre do processo que investiga suspeitas de corrupção, no qual o presidente do executivo, Miguel Albuquerque (PSD), foi constituído arguido e apresentou a demissão.
"Há momentos na vida em que o silêncio é de ouro e fala mais alto", disse José Manuel Rodrigues.
O responsável indicou que a Conferência dos Representantes dos partidos do parlamento regional vai reunir-se na segunda-feira, depois do encontro entre o presidente do Governo Regional e o representante da República para a região, marcado também para esse dia, para decidir sobre a discussão do Orçamento da Madeira para 2024, inicialmente prevista para entre 06 e 09 de fevereiro.
"Naturalmente que a Conferência agendará ou não os documentos que estão para apreciação, quer as moções de censura que têm prioridade sobre o Orçamento, quer o próprio Orçamento", disse, lembrando que estas iniciativas poderão não ser discutidas em função duma "possibilidade de terem um Governo demissionário".
No parlamento da Madeira estão representados nove partidos: PSD, PS, JPP, Chega, CDS-PP, PCP, IL, BE e PAN.
O PSD e o CDS-PP suportam o Governo Regional em coligação, com apoio da deputada única do PAN, que garante a maioria absoluta ao executivo.
Em 25 de janeiro, a Polícia Judiciária realizou cerca de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias sobretudo na Madeira, mas também nos Açores e em várias zonas do continente, no âmbito de um processo que investiga suspeitas de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência.
Miguel Albuquerque foi constituído arguido e foram também detidos o então presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado (PSD), que renunciou ao cargo, o líder do grupo de construção AFA, Avelino Farinha, e o principal acionista do grupo ligado à construção civil Socicorreia, Custódio Correia.
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