Governo dos Açores no "bom caminho" foi interrompido por "conluio"
Presidente do PSD atirou farpas aos responsáveis pela queda do Governo Regional dos Açores, no ano passado, após o chumbo da proposta de Orçamento Regional para 2024.
© Getty Images/Horacio Villalobos#Corbis
Política Açores
O presidente do Partido Social-Democrata (PSD), Luís Montenegro, visitou, esta sexta-feira, a ilha do Corvo, na Região Autónoma dos Açores, numa ação de campanha da coligação PSD-CDS-PPM. A região, recorde-se, vai a votos no próximo domingo para eleger uma nova Assembleia Regional, após o chumbo da proposta de Orçamento Regional para 2024 e a consequente queda do Governo Regional.
"Esta campanha acaba por traduzir duas realidades: uma que é que a vida dos açorianos melhorou muito nos últimos três anos", começou por referir Montenegro aos jornalistas, citado pela RTP, afirmando também que "a governação dos Açores está, e esteve, nestes três anos no bom caminho e só foi interrompida porque, pasme-se, o PS, o Chega, a IL, o PAN e o BE se juntaram todos para inviabilizar a aprovação do Orçamento Regional para 2024, por via disso a continuação do projeto e depois o julgamento que era natural que se fizesse no final do mandato".
"José Manuel Bolieiro é um presidente de excelência do Governo Regional, lidera um governo de coligação, que não caiu dentro da coligação, mas sim pelo conluio político entre PS, Chega, IL, PAN e BE", continuou Montenegro, que visitou a ilha açoriana sem contar, no entanto, com a presença de Bolieiro. Aos jornalistas, afastou, no entanto, que se trate de um desentendimento entre ambos.
"Sabíamos que ele [Bolieiro] tinha a campanha programada para estar em São Miguel e ele também sabia que eu pretendia terminar indo aos 308 concelhos de Portugal, num registo de proximidade, lealdade e contacto direto olhos nos olhos com os portugueses", argumentou, afastando qualquer 'incómodo' entre a direção nacional do partido e o seu braço regional nos Açores.
"O que há é um grande orgulho no trabalho que o José Manuel Bolieiro e o PSD/Açores fazem e tenho a certeza absoluta que é recíproco", defendeu.
Montenegro disse que marcou as visitas, nesta semana, ao Corvo e às Flores, já que, numa visita anterior à região, não o pôde fazer devido às "condições climatéricas".
Garantiu, também, que não se move unicamente "pelo número de eleitores". "Se fosse pelo número de eleitores, não estava aqui no Corvo. Estou por respeito às pessoas que aqui vivem e trabalham", disse, rejeitando fazer "calculismo".
"Estive na noite eleitoral das regionais na Madeira. Logo nessa noite disse que quando fossem as eleições nos Açores estaria nos Açores. Este é o meu registo. É a minha caraterística. Quem gosta, gosta, quem não gosta, tenho pena, tem de encontrar outras alternativas", argumentou também o líder social-democrata, afastando críticas sobre a sua presença na noite eleitoral nos Açores.
"Venho sem saber quais são os resultados. Quase que as pessoas que me criticam por esse registo achavam que eu só devia vir se tivesse a certeza absoluta que ganhávamos as eleições. Era um desrespeito pelos eleitores açorianos, porque ninguém ganha eleições de véspera", atirou ainda.
Os Açores vão a eleições para a Assembleia Regional no domingo, 4 de fevereiro, na sequência da queda do Governo Regional, liderado por uma coligação PSD-CDS-PPM, no ano passado.
"Chega D"?
Luís Montenegro foi confrontado com as palavras do secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, que na quinta-feira, num comício em Vila Franca do Campo, ilha de São Miguel, disse que o PSD inaugurou com o Chega uma nova aliança nos Açores, que designou de "Chega D".
"A coligação que governa e vai governar os Açores é a do PSD, CDS e PPM. A coligação que deitou o Governo abaixo é a do PS com o Chega, não sei se é a essa que o dr. Pedro Nuno se estava a referir", respondeu Montenegro.
Questionado se tem a garantia do líder do PSD-Açores e presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro, de que não haverá acordos parlamentares ou de governação com o Chega após as regionais de domingo, Montenegro preferiu apelar ao voto dos açorianos para reforçar as condições de governabilidade.
"Votem bem, não desperdicem um excelente presidente do Governo Regional, não desperdicem uma coligação que traz esperança e desenvolvimento", apelou, sem nunca se referir ao partido liderado por André Ventura.
Perante a insistência se não teme que a sua presença na noite eleitoral possa dar alguma leitura nacional a eventuais alianças futuras com o Chega nos Açores, respondeu: "Não tenho receios na política, tenho obrigação de defender as minhas ideias e a minha forma de estar".
Montenegro deslocou-se hoje ao Corvo -- e estará no sábado nas Flores, a título privado -- para terminar a iniciativa "Sentir Portugal", que o levou aos 308 concelhos do país e a algumas comunidades portuguesas na Europa.
"É para mim um privilégio, uma honra muito grande ter estado em todos os cantos do território nacional e não só onde há muitos eleitores", realçou.
Na ilha mais pequena do arquipélago dos Açores, o presidente do PSD tem no programa visitas a uma unidade de saúde e um museu e, à noite, um comício, terminando um programa que não conseguiu concluir no início de janeiro devido ao mau tempo.
No último dia de campanha eleitoral, Montenegro aproveitou para elogiar o caminho dos últimos três anos da coligação liderada pelo PSD, salientando que a Região Autónoma "cresce há mais de 30 meses acima" do resto do país, e deixou um apelo.
Onze candidaturas concorrem às legislativas regionais, com 57 lugares em disputa no hemiciclo: PSD/CDS-PP/PPM (coligação que governa a região atualmente), ADN, CDU (PCP/PEV), PAN, Alternativa 21 (MPT/Aliança), IL, Chega, BE, PS, JPP e Livre.
Em 2020, o PS venceu, mas perdeu a maioria absoluta, surgindo a coligação pós-eleitoral de direita, suportada por uma maioria de 29 deputados após assinar acordos de incidência parlamentar com o Chega e a IL (que o rompeu em 2023). PS, BE e PAN tiveram, no total, 28 mandatos.
[Notícia atualizada às 18h27]
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