'Chumbo' do PS/Açores? PSD já está "nos braços do Chega e não quer sair"

Ana Gomes mostrou-se de acordo com o facto de o PS/Açores ter anunciado que não irá permitir a viabilização do governo regional.

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© Pedro Pina/RTP

Carmen Guilherme
12/02/2024 09:02 ‧ 12/02/2024 por Carmen Guilherme

Política

Ana Gomes

A socialista Ana Gomes considerou, este domingo, que o PS/Açores "teve razão" ao anunciar a decisão de votar contra o Programa do Governo da coligação PSD/CDS-PP/PPM, defendendo que não é "possível salvar" o PSD/Açores "se não quer ser salvo". 

Esta posição foi partilhada pela antiga diplomata no seu espaço de comentário da SIC Notícias, numa altura em que comentava o impasse político na região autónoma, nomeadamente algumas críticas internas que surgiram após o anúncio do PS/Açores, como foi o caso do secretário de Estado Tiago Antunes que criticou a decisão de chumbo, considerando que a viabilização pela abstenção evitaria "cenários indesejáveis" de ingovernabilidade ou dependência do Chega.

"Fui uma das vozes socialistas que disse que o PS deveria considerar não viabilizar a entrada de um perigo antidemocrático, como é, indubitavelmente, o Chega, na governação, seja a nível nacional, seja a nível regional.  Mas, também disse, que o PS/Açores é que tem todos os dados na mão para saber. E eu acho que o PS Açores teve razão", começou por dizer.

"Dou a mão à palmatoria dizendo que não era possível salvar o PSD/Açores se não quer ser salvo. E efetivamente ele não quer ser salvo. E isso ficou claro"; acrescentou, lembrando a recente entrevista de José Boleiro à RTP, na qual "disse explicitamente que não excluía conversações com o Chega para a formação de um governo ou de um entendimento para governar". 

Para Ana Gomes, o facto de "Montenegro ter dito que 'não é não'" e os últimos três anos de governação nos Açores deveria ter servido de ensinamento aos social-democratas. "Mas pelos vistos não, eles querem mais do mesmo e estão-se a preparar para isso. E estão fazer toda uma moratória para não encalacrar Montenegro, digamos, e só tomar essa decisão depois das eleições 10 de março", disse. 

Na ótica da socialista, o PS/Açores acabou por traçar linhas vermelhas, algo "clarificador" e que a porta "já estava aberta e escancarada" à extrema-direita pelo PSD. 

"O que nós portugueses temos de concluir é que o 'não é não' de Montenegro - ele eventualmente aqui mantém-no -  mas nos Açores esse 'não', para já, é 'talvez'. E, no passado, em 2020, foi 'sim'. Portanto, ainda bem que o PS/Açores tomou a decisão que tomou", reforçou. 

"Não vamos empurrar o PSD para os braços do Chega, porque, infelizmente, ele já lá está e não quer sair", completou.

Recorde-se que a coligação PSD/CDS-PP/PPM venceu as eleições regionais, na semana passada, sem maioria absoluta. José Manuel Bolieiro, líder da coligação de direita, no poder no arquipélago desde 2020, disse que irá governar com uma maioria relativa nos próximos quatro anos. Contudo, o PS/Açores já disse que ia chumbar o Programa do Governo.

O PS é a segunda força no arquipélago, com 23 mandatos, seguido pelo Chega, com cinco mandatos. BE, IL e PAN elegeram um deputado regional cada, completando os 57 eleitos.

Leia Também: Açores. Ventura remete para PSD "teste do algodão" sobre futuro político

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