O secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Paulo Raimundo, reagiu, esta quinta-feira, às declarações de Rui Rio, que afirmou que os partidos políticos em campanha para as eleições Legislativas de 10 de março deviam discutir a justiça no país.
"Não há momentos bons e momentos maus para fazer as alterações que há para fazer, os momentos são aqueles que forem necessários", afirmou, acrescentando que "os principais responsáveis políticos dos problemas a que temos chegado não estão em condições de superar os problemas que eles próprios criaram".
Relativamente ao caso da Madeira, o dirigente do PCP afirmou que, "tendo em conta a situação a que chegámos, o que a situação exigia na Madeira eram eleições antecipadas".
"Investiguem tudo o que há para investigar, que tenha um desfecho e uma conclusão. Isso é a questão criminal. A questão política, que nós colocámos desde sempre é que, tendo em conta a situação que chegámos, o que a situação exigia na Madeira eram eleições antecipadas", afirmou, em declarações aos jornalistas em Valongo, distrito do Porto.
O dirigente comunista reagia à decisão judicial de libertar o ex-presidente da Câmara do Funchal Pedro Calado e os empresários da construção civil Avelino Farinha e Custódio Correia, anunciada na quarta-feira e à absolvição, conhecida hoje, do ex-secretário de estado de António Costa, Miguel Alves, que estava acusado de prevaricação.
O secretário-geral do PCP afirmou-se "preocupado com a justiça" e com a perceção que disse que as pessoas têm de que "há uma justiça para uns e uma justiça para outros". "A ideia que tenho é que o próprio Ministério Público, e estou convencido disso, é o primeiro e o mais interessado que não haja uma perceção errada da justiça", afirmou.
Para Paulo Raimundo, se por um lado existem processos em curso que afetam pessoas conhecidas e isto dá uma ideia de que a justiça é igual para todos, por outro, "o desfecho desses processos" faz esta ideia "voltar outra vez atrás".
"Há aqui a perceção que há uma justiça para uns e uma justiça para outros", disse, sublinhando que "a pior coisa que pode acontecer" é que as pessoas percam a confiança em pilares da democracia, como é a justiça.
Na ótica de Paulo Raimundo, "estes casos que estão a ser alvo de investigação, uma parte significativa deles, toda a gente na Madeira conhecia, quanto mais não fosse pelas denúncias durante anos e anos da Coligação Democrática Unitária [CDU]".
Recorde-se que o ex-líder social-democrata Rui Rio defendeu esta quinta-feira que os partidos políticos, em campanha para as eleições Legislativas de 10 de março deviam discutir a justiça no país, considerando que "nenhum partido quer discutir este tema, que é o mais relevante para a democracia".
[Notícia atualizada às 20h17]
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