O presidente do Partido Social Democrata (PSD), Luís Montenegro, falou, esta terça-feira, sobre o debate de ontem com o líder do Partido Socialista, Pedro Nuno Santos, do qual resultaram algumas críticas, que apontavam que o líder social-democrata tinha perdido o debate.
"Tivemos um conjunto de debates que foi muito esclarecedor. Fiz um esforço grande em todos eles para apresentar ideias da Aliança Democrática para mobilizar o país, para uma mudança que só está nas mãos das pessoas. E que só tem duas alternativa. A alternativa do Partido Socialista e a da AD. Estou muito satisfeito com o resultado de todos os debates, incluindo com o de ontem. Normalmente vou para estas jornadas focado em falar para as pessoas, focado em não falar para aqueles que vão opinar, mas aqueles que estão em casa e têm o poder de decidir", afirmou, na Almirante Reis, em Lisboa.
Montenegro sublinhou ainda que ontem foram apresentadas as ideias da coligação de que faz parte, juntamente com o CDS e o PPM, numa altura em que em Portugal "não dá resposta a necessidades básicas das pessoas", nomeadamente em relação à habitação, melhores salários ou melhores empregos.
Questionado sobre se o PSD viabilizaria um governo do Partido Socialista, Montenegro rejeitou que tem estado em silêncio sobre o assunto e defendeu que sempre foi na mesma direção. "Se há coisa sobre que tenho falado é sobre as condições que coloco a mim próprio para exercer a função de primeiro-ministro. É verdade que Pedro Nuno Santos ontem tomou uma posição daquelas que tinha tomado anteriormente. Ele que um dia disse que nunca mais precisaria da Direita para governar e que até há dois dias tinha, quer na campanha interna do Partido Socialista, quer já nesta pré-campanha para as legislativas, dito que nunca viabilizaria um governo da AD", afirmou.
Sublinhando que não viu "ninguém" a explicar por que razão Pedro Nuno Santos admitiu no debate de ontem que o PS não apresentará nem viabilizará moções de rejeição do programa de um Governo liderado pelo PSD, Montenegro 'adiantou-se'. "Vou explicar: por uma razão muito simples. Pedro Nuno Santos concluiu que a AD vai vencer as eleições. E concluiu também que o Partido Socialista com o Bloco de Esquerda e o PC não vão ter uma maioria parlamentar igual àquela que tinham em 2015. Como ficou de mãos atadas, quis dar uma de moderado e quis dar uma de, enfim, mais disponível para ter atitude construtiva. Mas ele pode querer enganar as pessoas - a mim não me engana", atirou.
Durante esta jornada pela Almirante Reis, Montenegro afirmou ainda que tinha a certeza de que a AD não irá precisar do PS para governar.
"Vamos mesmo conquistar uma grande vitória, tanto maior que nós não vamos precisar do apoio que agora, à última da hora, já nos querem dar, estimando que nós vamos ganhar as eleições, porque nós vamos de certeza absoluta conseguir uma representação maioritária na Assembleia da República", afirmou.
Imigração
Luís Montenegro falou também sobre a imigração e importância desta assunto em Portugal. “Temos de ter regras, temos de saber acolher, integrar. Temos de procurar jovens que queiram vir para Portugal estudar – é uma das melhores maneiras de podermos integrá-los. Temos de procurar e ter políticas para famílias inteiras para evitar fenómenos de redes ilegais, que trazem normalmente progenitores masculinos, de forma individualizada, muitas vezes sem terem perspetiva de trabalho”, referiu, na Almirante Reis, em Lisboa.
Montenegro considerou que não só em Lisboa, como em várias cidades portuguesas que existe “uma realidade na qual muitas pessoas vivem abaixo do limiar daquilo que é aceitável”. O líder social-democrata justificou que muitas destas situações aconteciam precisamente porque não havia o cuidado de “haver regras, por um lado atrair e por outro dignificar”.
Questionado sobre de que forma era possível atingir esta dignificação, Montenegro defendeu que na prática isto aconteceria com políticas públicas. “Faz-se com políticas na habitação, políticas de acolhimento, integração na escola dos mais jovens. Faz-se com uma política transversal que dê aos imigrantes os mesmos direitos e as mesmas oportunidades”, justificou.
"Portugal precisa de ter um programa de atração, acolhimento de mão-de obra emigrante. E não é só para atividade mais indiferenciadas, é mesmo do ponto de vista da qualificação. Neste momento, precisamos de mão de obra qualificada em quase todos os setores de atividade. Do turismo à indústria. Da agricultura ao comércio. Precisamos muito de atrair, acolher e integrar imigrantes", continuou.
[Notícia atualizada às 14h18]
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