"O resultado natural, após vazio que se instalou, é vitória da AD"
O ex-presidente do PSD reforçou que Luís Montenegro sempre o apoiou enquanto esteve na liderança do partido.
Joana Duarte com Lusa | 19:26 - 26/02/2024© Reprodução/X
Política Legislativas
Após semanas de incerteza, o antigo líder do Partido Social Democrata (PSD) Pedro Passos Coelho juntou-se à campanha eleitoral da Aliança Democrática (AD), ao lado de Luís Montenegro, onde defendeu que "o resultado natural" das Eleições Legislativas de 10 de março "é uma vitória da AD".
A presença - ou ausência - do ex-primeiro-ministro foi tema durante os debates eleitorais e o secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, chegou mesmo a afirmar que "não há-de ser por acaso" que Montenegro não trazia Pedro Passos Coelho à campanha, "nem o convidou para a convenção da AD", onde estiveram Pedro Santana Lopes e Ferreira Leite.
A confirmação da sua presença surgiu na tarde de segunda-feira, pela voz de Luís Montenegro, e ainda antes do comício da AD, na Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve, em Faro, Pedro Passos Coelho garantiu: "Eu não venho cá criar desatenções, venho cá ajudar o PSD em campanha".
O comício começou com uma intervenção do vice-presidente do PSD, Miguel Pinto Luz, que afirmou que tinha "muitas saudades de ver Luís Montenegro e Pedro Passos Coelho ao lado um do outro".
"São dois homens diferentes, em circunstâncias diferentes, contextos diferentes, não pensam necessariamente da mesma forma, mas os dois têm características unidas: a vontade incessante de mudar o mundo para melhor e colocar o interesse nacional à frente dos interesses pessoais", salientou.
A Mudança no distrito de Faro https://t.co/lQqVz1dJeb
— PSD (@ppdpsd) February 26, 2024
Já no seu discurso, Passos Coelho, que foi primeiro-ministro entre 2011 e 2015, explicou que a sua presença serviu "para retribuir com muita gratidão" o apoio e a solidariedade que Luís Montenegro lhe deu quando foi líder parlamentar durante a governação, e mostrou-se "convicto" de que "o resultado natural destas eleições é a vitória da AD".
Passos Coelho referiu que a sua confiança na vitória da coligação PSD/CDS-PP/PPM "não é por falta de humildade, não é por ter um convencimento absurdo", mas por causa da situação do país e pela alternativa do PS.
Houve ainda críticas a Pedro Nuno Santos, que apenas oferece "um vazio imenso" e repete "fórmulas gastas que remetem para o passado" da geringonça. "Não saem disto. É isto que têm para oferecer ao país, é estas contas, é a reciprocidade, é eu dou-te e tu dás-me, é isto que têm para oferecer?", questionou.
Para Passos Coelho, é também uma questão de justiça penalizar o PS nestas eleições: "Não teria sentido, depois de os portugueses lhe terem dado uma maioria absoluta, tê-la jogado pela janela fora e ir à procura de outro apoio para ainda voltar a governar. Não faz sentido, quem desrespeita o país desta maneira, não pode achar um resultado justo voltar a ser eleito".
"Eu acredito, portanto, que o resultado natural é o de esperar ver a vitória da AD. E eu acho que o Luís Montenegro, como disse há um ano e meio, vai formar Governo quando estas eleições ocorrerem. É a minha convicção, estão a ver? Não sou adivinho e ninguém me passou preocupação, o povo não me passou procuração para eu antecipar esse resultado", concluiu, deixando um apelo para que "esse possa ser um Governo com algumas condições para poder responder pelos resultados".
Por sua vez, Luís Montenegro deixou um "muito, muito, muito obrigado" ao antigo primeiro-ministro, frisando o "trabalho patriótico" que fez durante a sua governação.
"Caro Pedro, com todo o respeito: tu não tens de retribuir nada, nós é que temos a obrigação de dizer sempre muito, muito, muito obrigado por tudo aquilo que fizeste por nós, pelo país, pelas pessoas, pelo trabalho patriótico que fizeste à frente do Governo", disse, acrescentando que Passos Coelho alcançou resultados que "talvez nenhum outro tivesse conseguido alcançar".
"Eu acho que Pedro Passos Coelho ainda se muda para o Chega"
O presidente do Chega, André Ventura, não tardou em reagir às declarações do social-democrata e ironizou: "Em 20 minutos, Passos Coelho explicou a Montenegro como é que há dois anos devia fazer no PSD.
"Acho que Passos Coelho foi à AD dizer o óbvio, que o único caminho que a direita tem é este", afirmou, à chegada a um jantar/comício em Sever do Vouga, defendendo que "esteve bem" no seu discurso.
Já depois destas declarações, no discurso no comício, Ventura afirmou que "basicamente o que Pedro Passos Coelho disse foi 'ponham os olhos no Chega'".
O presidente do Chega considerou que Passos "fez um bom serviço à democracia" porque "saiu do conforto da sua casa para dizer aos laranjinhas que ser cópias do PS não dá, que querer ser o PS dois não funciona, e que o país precisa mesmo de uma rutura".
"Desconfio cá para mim que até ao fim desta campanha ou até ao fim deste ano, ou na pior das hipóteses até ao fim da legislatura, eu acho que Pedro Passos Coelho ainda se muda para o Chega", afirmou.
"O problema de Luís Montenegro é o mesmo de Pedro Passos Coelho. Não tem credibilidade"
Também o próprio Pedro Nuno Santos reagiu ao reaparecimento de Passos Coelho, considerando que o social-democrata "vai estar sempre presente em toda a campanha".
O socialista deixou várias críticas ao PSD e lembrou todos os cortes feitos durante a governação dos sociais-democratas - apesar de terem referido que não o fariam. Na sua opinião, "o problema de Luís Montenegro é o mesmo de Pedro Passos Coelho. Não tem credibilidade".
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