Montenegro mostra "disponibilidade" a Marcelo para "liderança do Governo"

Líder da coligação Aliança Democrática esteve reunido com o Presidente da República. No final da audiência, deu todos os sinais de que está preparado para assumir a liderança do país, ainda que com maioria relativa. A indigitação poderá, inclusive, acontecer já esta quarta-feira.

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© Stringer/Anadolu via Getty Images

José Miguel Pires com Lusa
20/03/2024 18:47 ‧ 20/03/2024 por José Miguel Pires com Lusa

Política

Legislativas

O presidente do Partido Social Democrata (PSD) e líder da coligação Aliança Democrática (AD), Luís Montenegro, expressou ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, "a disponibilidade em assumir a liderança do Governo e poder ser indigitado primeiro-ministro".

As declarações foram feitas pelo próprio, acompanhado do secretário-geral do PSD, Hugo Soares, e do presidente do CDS-PP, Nuno Melo, à saída de uma reunião com Marcelo, no Palácio de Belém.

O líder social-democrata disse, ainda, que os líderes da coligação, que junta PSD, CDS-PP e o Partido Popular Monárquico (PPM), estão "absolutamente empenhados em, respeitando a vontade do povo português, expressa de forma livre e democrática, promover uma mudança de Governo, de primeiro-ministro e de políticas em Portugal".

Montenegro reiterou ainda que, "em face dos resultados eleitorais e da vontade de mudança que o povo português transmitiu com a sua pronúncia", é a sua "expectativa" aguardar "a decisão que cabe exclusivamente ao Presidente da República de indigitar o líder da coligação da Aliança Democrática, no caso de ter sido a vencedora das eleições, para formar Governo".

Sobre os trabalhos de apuramento dos resultados eleitorais nos círculos da Europa e Fora da Europa, o líder da AD disse ser a sua "expectativa" que "finalizados esses trabalhos essa indigitação possa ocorrer", até porque "no essencial", o resultado eleitoral "se manterá naquilo que é fundamental para a formação de um novo Governo".

"A maior representação parlamentar que há na Assembleia da República que assumirá funções nos próximos dias é a da Aliança Democrática. Há uma maioria, é relativa, não é absoluta", afirmou, assegurando que é "com base nessa maioria" que apresentará uma proposta de Governo, "se for esse o entendimento do Presidente da República".

Luís Montenegro evitou, no entanto, responder aos jornalistas diretamente sobre a possibilidade de a Iniciativa Liberal (IL) integrar um eventual Executivo por si liderado, ou então sobre a eventual apresentação de um Orçamento Retificativo.

"Todas as questões que tiverem a ver com o exercício da atividade do governo serão tomadas quando houver governo, comunicadas e explicadas quando houver Governo", disse.

"Transmiti que a nossa motivação é a mesma da campanha eleitoral: estamos focados nos problemas dos portugueses, na vida de cada cidadão que vive e trabalha em Portugal, respeitando a vontade do povo português de promover uma mudança de Governo, de primeiro-ministro e de políticas em Portugal", afirmou também o líder social-democrata, acrescentando que a AD está concentrada em assegurar ao país "uma economia mais forte" e um percurso de "crescimento duradouro", que possa significar melhores salários e "uma classe média desafogada" e dar respostas "que hoje falham" em serviços públicos como a saúde, educação e habitação.

Indigitação?

Logo após a reunião, a Presidência da República informou que "poderá haver uma nova audiência" ainda hoje ao presidente do PSD e líder da AD, Luís Montenegro, depois de apurados os resultados dos votos da emigração. Alguns meios de comunicação, como o Observador e a SIC Notícias, avançam que a indigitação deverá ocorrer ainda hoje.

A AD conquistou, nas eleições de 10 de março, 29,49% dos votos, valendo-lhe a eleição de 79 deputados na Assembleia da República. O PS, por sua vez, conquistou 77 lugares (28,66%), seguindo-se o Chega com 48 deputados (18,06%).

A Iniciativa Liberal ocupará outros oito lugares, ao passo que o Bloco de Esquerda venceu cinco mandatos. O Livre e a CDU conquistaram quatro lugares e o PAN não conseguiu fazer crescer a sua presença parlamentar, mantendo Inês Sousa Real o seu lugar como deputada única.

A contagem dos votos dos emigrantes portugueses termina hoje, revelando os quatro deputados dos círculos da Europa e Fora da Europa. PS e PSD conseguem, para já, um lugar cada e o Chega os outros dois.

A confirmarem-se estes resultados, a AD somará 80 deputados (78 do PSD e dois do CDS-PP), o PS 78 e o Chega 50.

O Presidente da República terminou hoje de ouvir os partidos políticos e coligações que estarão representados na futura Assembleia da República, um processo que começou no dia 12 de março.

De acordo com o artigo 187.º da Constituição da República Portuguesa, "o primeiro-ministro é nomeado pelo Presidente da República, ouvidos os partidos representados na Assembleia da República e tendo em conta os resultados eleitorais".

[Notícia atualizada às 20h11]

Leia Também: Com derrota "honrosa", PS deve ser "oposição". A análise de Santos Silva

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