Luís Marques Mendes revelou, este domingo, que o ex-primeiro-ministro, António Costa, será comentador político num novo canal de televisão e saudou a entrada do ex-governante no "clube".
"Devemos saudar a sua vinda até aqui a este clube [de comentadores]", afirmou no seu habitual espaço de comentário na SIC.
Em causa está um novo canal de informação da Medialivre, dona do Correio da Manhã e da CMTV.
"Ele vai mesmo ser comentador num canal de televisão que ainda não existe", confirmou.
No seu comentário, Luís Marques Mendes falou ainda sobre o processo de investigação a António Costa, que baixou recentemente do Supremo Tribunal de Justiça para o DCIAP, e criticou o facto de o Ministério Público não dar explicações sobre o caso.
"Estamos no século XXI, mas o Ministério Público ainda comunica como se estivéssemos no século XIX", acrescentou, frisando que a "Justiça deve ser compreendida pelo povo".
"Pede-se que o Ministério Público se explique porque, em grande medida, caiu um governo por causa disso", atirou Marques Mendes, que afirmou também que o comunicado da Procuradoria-Geral da República (PGR) que anunciava que Costa seria alvo de um inquérito "não tinha de existir" como a "maior parte das investigações não são divulgadas".
Luís Montenegro "surpreendeu", mas polémica sobre IRS "é uma perda de credibilidade"
Sobre a atualidade política no país, Luís Marques Mendes considerou que o líder do Partido Social Democrata (PSD), Luís Montenegro, "surpreendeu" durante a apresentação e debate do Programa do XXIV Governo, apesar da polémica relacionada com o alívio fiscal, que considerou ser o "primeiro caso e casinho da era Montenegro" e "um dano de reputação e uma perda de credibilidade" para o Governo.
"Acho que a investidura - e o debate propriamente dito - foi um passeio tranquilo. Luís Montenegro surpreendeu, sobretudo, por dois lados. Primeiro surpreendeu pela questão do IRS. Era uma promessa eleitoral das mais importantes da Aliança Democrática (AD), mas toda a gente pensava que ia apenas ser aprovada para o Orçamento do próximo ano", explicou.
Para o social-democrata, a "antecipação" de Montenegro "funcionou como um grande efeito surpresa". No entanto, o que "surpreendeu mais" foi o facto de o primeiro-ministro ter já "um calendário de decisões e iniciativas a tomar nas próximas semanas e meses".
Sobre a polémica relacionada com o anúncio de um alívio fiscal de 1.500 milhões de euros que, afinal, se traduz numa diferença de apenas 200 milhões face ao anunciado pelo último governo, Luís Marques Mendes afirmou ser "claro que Luís Montenegro não mentiu", mas deixou "gerar uma grande ambiguidade", que o Governo "nunca corrigiu".
"O Governo não mentiu. Luís Montenegro não mentiu. Mentir seria dizer 'vamos fazer um alívio fiscal de 1.500 milhões de euros' e depois constatar-se que eram 200 milhões. O que ele disse foi que os portugueses iriam sentir este ano um alívio fiscal de 1.500 milhões de euros", explicou.
Marques Mendes considerou que a polémica escalou por "amadorismo" do Governo e por Luís Montenegro não ter sido "claro" no seu anúncio. Além disso, o próprio Executivo não "desmentiu" as notícias que foram avançadas sobre uma "duplicação do alívio fiscal" e "alimentou a ambiguidade".
"Isto para começar não é bom. É o primeiro caso e casinho da era Montenegro. É um dano de reputação e uma perda de credibilidade. Não é dramático, mas não é brilhante", considerou Marques Mendes.
O comentador lamentou ainda o facto de a oposição não se ter apercebido do 'erro' de Montenegro, sendo a Iniciativa Liberal (IL) "a exceção", que "percebeu a ambiguidade do discurso e a denunciou".
Polémica com Passos Coelho mostra que a "sociedade portuguesa está muito radicalizada"
Luís Marques Mendes falou ainda sobre a apresentação do livro 'Identidade e Família', na qual o antigo primeiro-ministro social-democrata Pedro Passos Coelho falou sobre o seu "conceito de família".
"A sociedade portuguesa está muito radicalizada. Demasiado radicalizada. À Direita e à Esquerda", afirmou, acrescentando que o país precisa de "moderação" e "equilíbrio" porque o "radicalismo não conduz a nada de bom".
Sobre as declarações de Passos Coelho, o comentador político considerou que o ex-governante "tem direito a ter suas opiniões e posições", sendo uma "violência exagerada" o que foi dito a seu respeito. "Como disse Francisco Assis, Passos Coelho não é um homem de extrema-direita", afirmou.
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