Em conferência de imprensa, na sede nacional do Bloco de Esquerda (BE), em Lisboa, Mariana Mortágua referiu que "esse foi um dos assuntos tratados" na reunião de hoje com o PS.
Segundo a coordenadora do BE, entre os dois partidos "há um acordo e uma avaliação comum relativamente aos perigos de uma revisão constitucional e sobre não deixar que a democracia se enrede em debates sobre retrocessos, sobre perda de direitos".
"Essa avaliação é conjunta. Veremos como é que ela se traduz no espaço parlamentar nos próximos momentos. Fica aberta uma porta de diálogo entre as duas lideranças parlamentares, neste caso, para podermos ir avaliando e articulando, nesta matéria como em muitas outras", acrescentou.
Antes desta conferência de imprensa, o BE reuniu-se hoje na sede nacional do PS, concluindo assim o ciclo de encontros que propôs em 12 de março para "abrir um caminho, um campo de diálogo com os partidos à esquerda, com os partidos ecologistas, que fazem oposição a este Governo de direita", que incluíram também PCP, Livre e PAN.
"Destacaria como primeira conclusão destas reuniões uma vontade de impedir retrocessos, desde logo retrocessos constitucionais. Portugal fez um caminho na afirmação de direitos fundamentais, Portugal colocou-se à frente, na Europa, no mundo, na garantia de direitos, de liberdades, e não estamos dispostos a abdicar do caminho que foi feito até aqui", afirmou Mariana Mortágua.
O BE conclui destes encontros que há "disponibilidade para uma articulação entre direções parlamentares, entre direções políticas, entre os vários partidos, para coordenar a sua atividade, desde logo na oposição no parlamento, mas também para futuro".
Tratou-se de um "primeiro momento de diálogo", que o BE espera que inaugure "um canal aberto, uma capacidade de diálogo e de conversa entre esses partidos", para uma "oposição mais forte" ao executivo minoritário PSD/CDS-PP.
De acordo com Mariana Mortágua, por outro lado, foi manifestada a "vontade de que este 25 de Abril seja um momento de enorme mobilização popular" e de "celebração da democracia", em que "a grande maioria democrática sai à rua, em toda a sua pluralidade".
O XXIV Governo Constitucional, formado na sequência das legislativas de 10 de março, tem o apoio de 80 deputados -- 78 do PSD e 2 do CDS-PP -- em 230, num parlamento em que o PS tem 78 lugares, o Chega 50, a Iniciativa Liberal 8, o BE 5, PCP 4, Livre também 4 e PAN 1.
PCP e BE apresentaram na Assembleia da República moções de rejeição ao Programa do Governo, que foram rejeitadas, em 12 de abril, com votos contra de PSD, Chega e CDS-PP e a abstenção do PS.
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