"O anúncio do Governo [Regional] de que irá proceder ao cancelamento do processo de privatização e lançar um novo procedimento [para a privatização da Azores Airlines] acaba por ser uma boa notícia para os Açores e para os açorianos, porque também é o reconhecimento do Governo [de] que fracassou no processo que desenhou e implementou até agora", afirmou Carlos Silva, membro do secretariado do PS açoriano.
Segundo declarações do socialista divulgadas pelo partido, no início do processo, o executivo de coligação "falava num processo com mais de 30 interessados e culminou em zero, porque foi cancelado".
"E era um procedimento que não defendia o interesse regional, não salvaguardava os postos de trabalho, não salvaguardava a manutenção da sede nos Açores. E, tudo isso, foi dito por várias vezes, ao longo do último ano, pelo PS, por outros partidos, pelos parceiros sociais, e o Governo [Regional] sempre ignorou", prosseguiu.
O socialista lembrou ainda que o executivo açoriano "também sonegou informação do parlamento sobre o processo de privatização", informação essa que "até hoje ficou por conhecer".
O Governo dos Açores anunciou hoje o cancelamento do concurso de privatização da companhia aérea Azores Airlines e o lançamento de um novo, alegando que a companhia estava avaliada em seis milhões de euros no início do processo e vale agora 20 milhões, mas negou que as reservas sobre o consórcio concorrente tenham pesado na decisão.
No início de abril, o júri do concurso público da privatização da Azores Airlines entregou o relatório final e manteve a decisão de aceitar apenas um concorrente, mas admitiu reservas quanto à capacidade do consórcio Newtour/MS Aviation em assegurar a viabilidade da companhia.
Também o Conselho de Administração do grupo SATA, liderado por Teresa Gonçalves, que entretanto se demitiu, manifestou "reservas sobre o consórcio NewTour MS Aviation e sobre as limitações do concorrente" no parecer enviado ao Governo Regional.
O PS/Açores espera que "desta vez o Governo [Regional] consiga ser mais transparente, mais competente e mais profissional, num processo de privatização que é necessário, que foi negociado com Bruxelas".
"Mas aquilo que foi negociado com Bruxelas foi a venda de, no máximo, de 51%. Portanto, não faz qualquer sentido que o Governo [açoriano] cometa o mesmo erro e vá além daquilo que foi negociado com Bruxelas. É importante que os Açores mantenham uma posição relevante no capital social das Azores Ailines, porque só assim defenderão o interesse regional", defende Carlos Silva.
A terminar, o socialista realçou que o anúncio da suspensão do processo de privatização da Azores Airlines, feito pelo Governo de coligação durante a campanha eleitoral para as eleições regionais, "não passou de uma farsa, porque todos já esperavam aquilo que acabou por acontecer hoje, que era o cancelamento desse processo e o lançamento de um novo".
Para o PS, neste processo, o Governo Regional "andou a iludir e a enganar os açorianos", o que considera "lamentável".
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