"Não podemos continuar a ter uma região onde o PIB está a aumentar e temos mais de 15% dos trabalhadores numa situação de pobreza. São mais de 19.000 trabalhadores, que trabalhando todos os dias, oito ou mais horas por dia, o dinheiro que levam para casa é insuficiente para fazer face às necessidades mais básicas das suas famílias", afirmou o segundo candidato da lista da CDU (PCP/PEV) às eleições regionais, Ricardo Lume, no Funchal.
Com uma comitiva de cerca de três dezenas de pessoas, erguendo bandeiras do partido, a CDU esteve à porta do edifício dos Viveiros da Estação de Resíduos Sólido do Funchal, onde entregou panfletos e canetas aos trabalhadores que iam saindo do seu local de trabalho, enquanto o comunista Ricardo Lume projetava, de microfone na mão, a luta da Coligação Democrática Unitária para as eleições antecipadas de 26 de maio.
O cabeça de lista da CDU, Edgar Silva, não esteve presente nesta ação por estar a acompanhar outras iniciativas de campanha eleitoral.
"O grande patronato, o grande capital, não pode ficar com a maior fatia do bolo. É necessário existir uma justiça na distribuição da riqueza", expressou o segundo candidato da CDU, referindo que a Madeira é a região "onde há mais desigualdades laborais, onde existe mais precariedade, onde existem os salários mais baixos de todo o país".
Nesta ação de contacto com os trabalhadores, Ricardo Lume sublinhou que, "mesmo perante estas adversidades, foi possível, em casos concretos, os trabalhadores, com a sua luta e com a intervenção decisiva da CDU, avançarem nos seus direitos", com exemplos disso na Câmara do Funchal e nas empresas públicas da região.
"A mensagem que queremos deixar é que é necessário, nas próximas eleições, reforçar a voz dos trabalhadores na assembleia regional. A CDU não tem feito promessas nesta campanha, mas tem-se comprometido, como nenhuns outros, com os interesses dos trabalhadores e do povo", declarou, apelando que "na hora de votar, tem de ser CDU".
Para todos os trabalhadores da região, a CDU propõe o aumento geral dos salários, com "uma base de negociação, no mínimo, de um aumento de 150 euros", a atribuição do subsídio de insularidade, a redução do horário de trabalho para as 35 horas semanais e o fim da desregulação dos horários de trabalho.
Afirmando-se como "alternativa necessária", Ricardo Lume frisou que "é possível mudar" a governação na Madeira: "no ano em que assinalamos os 50 anos do 25 de Abril, é a prova que no passado foi possível mudar de um regime fascista, agora podemos criar uma sociedade justa e uma democracia avançada".
As legislativas da Madeira decorrem com 14 candidaturas a disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo eleitoral único: ADN, BE, PS, Livre, IL, RIR, CDU (PCP/PEV), Chega, CDS-PP, MPT, PSD, PAN, PTP e JPP.
As eleições antecipadas ocorrem oito meses após as mais recentes legislativas regionais, depois de o Presidente da República ter dissolvido o parlamento madeirense, na sequência da crise política desencadeada em janeiro, quando o líder do Governo Regional (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, foi constituído arguido num processo em que são investigadas suspeitas de corrupção.
Em setembro de 2023, a coligação PSD/CDS venceu sem maioria absoluta e elegeu 23 deputados. O PS conseguiu 11, o JPP cinco o Chega quatro, enquanto a CDU, a IL, o PAN (que assinou um acordo de incidência parlamentar com os sociais-democratas) e o BE obtiveram um mandato cada.
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