"Eu acho que os parlamentos devem privilegiar a liberdade e, obviamente, que os parlamentos democráticos devem privilegiar os direitos humanos, o equilíbrio entre esses dois direitos é um equilíbrio que exige bom senso, e tenho confiança de que o bom senso impera no parlamento português", afirmou Sebastião Bugalho à agência Lusa, à margem de um almoço com produtores do Douro, autarcas e militantes.
Questionado sobre a posição do presidente da Assembleia da República de deixar sem reparo uma declaração do líder do Chega com contornos xenófobos, uma questão que três dias depois ainda está na ordem do dia, o candidato da AD, coligação que junta PSD, CDS-PP e PPM, afirmou que "questões que envolvem liberdades e direitos nunca são polémicas, são fundamentais".
Na sexta-feira, o presidente do parlamento defendeu que não lhe compete censurar as posições ou opiniões de deputados, remetendo para o Ministério Público uma eventual responsabilização criminal do discurso parlamentar.
José Pedro Aguiar-Branco rejeitou que tenha cometido um erro ao permitir que o líder do Chega, André Ventura, prosseguisse a sua intervenção, depois de ter dito que "os turcos não são propriamente conhecidos por ser o povo mais trabalhador do mundo".
"A nossa candidatura esteve sempre ao lado e continuará a estar sempre ao lado dos direitos humanos e contra a violência como linguagem na política", realçou Sebastião Bugalho.
E exemplificou: - "Fomos os únicos até agora que nos demarcamos de declarações antissemitas nestas eleições europeias, fomos os únicos que, por exemplo, tivemos uma palavra de solidariedade quando um candidato ao parlamento europeu alemão foi agredido enquanto colava um cartaz, (...) e , por exemplo, quando primeiro-ministro eslovaco foi alvo de tiros, mostramos a nossa solidariedade".
"Sempre que a escolha é entre a violência e a paz, nós estamos do lado da paz. Estamos do lado da paz, dos direitos humanos e das minorias, isso é muito claro, essa é a nossa posição", concretizou.
Nesta visita ao Douro, Sebastião Bugalho ouviu os problemas da região e do setor dos vinhos e à Lusa referiu que, neste momento, o "Governo português está obviamente concentrado em encontrar soluções para resolver os problemas nomeadamente de excesso de stock que ocorre aqui no Douro".
Nesta região, o último ano ficou marcado por alguma agitação social porque, invocando dificuldades na venda de vinho, grandes empresas não compraram ou compraram uvas em menos quantidade aos produtores que, por sua vez, se queixaram de entregar as uvas "sem preço" ou a "preços muito reduzidos", um problema que se teme que se possa intensificar na próxima vindima.
"Tem que ser sustentável o seu negócio, do ponto de vista ambiental a região, estamos a trabalhar para isso, estamos também a trabalhar para mais fiscalização, para termos as certeza que os vinhos que não são desta região e que entram são devidamente fiscalizados", referiu ainda o candidato pela AD.
Este não é, salientou, "um problema fácil, mas esta candidatura não é uma candidatura que seja simplista ou facilitista, é uma candidatura que não tem medo dos problemas e que irá encontrar soluções em conjunto com o Governo e com as comunidades".
No entanto, realçou que prefere "olhar mais para a oportunidade do que para o problema" e disse que vai ser uma voz na Europa que vai chamar a atenção para o Douro como Património da Humanidade e como a região demarcada e regulamentada mais antiga do mundo.
O candidato disse ainda que a candidatura está a percorrer o país de Norte a Sul para ouvir as preocupações dos portugueses. "Porque só assim é que podemos ouvir a voz deles na Europa", afirmou.
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